RELEITURA é a apropriação de uma referência artística ou literária com um determinado propósito: recriar, reconstruir, a fim de que a reconstrução, logicamente, dialogue com a peça-referência.
A releitura é um texto “espelhado”. E não se pode negar: a recriação exige sensibilidade, técnica e muita criatividade!
A obra, base para a proposta dessa releitura,
é “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, do autor brasileiro Machado de Assis. (“Póstumo”
é aquilo que acontece depois da morte de alguém.) O enredo traz a personagem
Brás Cubas, um defunto que resolve escrever suas memórias. Que incrível! Brás conta
que foi menino travesso, adolescente aventureiro. Depois de moço, formou-se
advogado. Tinha uma namorada, Virgília, que o trocou por outro. Mais tarde,
eles se encontram e...
E então? Gostou do "spoiler"? Que tal lermos a obra? Que tal escrever mais um episódio de “Memórias Póstumas de Brás Cubas? Abaixo, sua proposta de trabalho: a redação de um CONTO.
CONTEXTUALIZAÇÃO: Leia um trecho do capítulo intitulado “O embrulho misterioso”:
"Alguns dias depois, indo a Botafogo,
tropecei num embrulho, que estava na praia. Um embrulho não grande, mas limpo e
bem feito, amarrado com um barbante forte. Era uma coisa que parecia alguma
coisa... bati o pé e o embrulho resistiu. Olhei em volta de mim, a praia estava
quase deserta; ao longe uns meninos brincavam. Apanhei o embrulho e segui."
COMANDO: Você deverá imaginar-se o próprio Brás Cubas, e explorando a cena
que acabamos de ler, escrever um episódio em que você nos conte o que havia dentro
do embrulho. Não se esqueça: o enredo se passa em outra época (no final do
século 19), quando não havia smartphone, nem videogame e nenhum outro
eletroeletrônico.
Não fique só nisso! Pense, levante hipóteses: primeiro deixe o leitor
curioso, para só então revelar o que havia dentro do embrulho. Caso queira, aproveite as personagens criadas pelo autor para
contracenarem com você. E então: quem é você – o Brás Cubas que encontrou o
embrulho – menino, adolescente ou moço? O que fazia em Botafogo? Etc., etc.
Escreva
de 25 a 30 linhas.
Não economize criatividade! Pense em algumas cenas sutilmente cômicas; a
comicidade e a ironia são traços marcantes de Machado de Assis.
O que é CONTO?
Você já sabe, mas não custa lembrar...
Contos são narrativas curtas – o escolar tem, aproximadamente, trinta linhas. É preciso pensar em: trama (história), personagens (que agem ao longo da história), tempo (quando acontecem os fatos), narrador (quem conta a história) e espaço (lugar em que acontecem os fatos).
Atenção à estrutura tradicional do conto: apresentação (das personagens, do tempo e do espaço), complicação (envolvimento/ação das personagens), clímax (instante de maior suspense) e desfecho (final da trama).
. Esteja certo de que ninguém pensaria naquilo em que você pensou – isso é ser original.
. Não tenha preguiça de escrever e reescrever o texto – o segundo é sempre melhor do que o primeiro; o terceiro, muito, muito melhor do que o segundo...
. Até o final de seu conto, o leitor deverá encontrar respostas para: o quê?, quem?, como?, quando?, por quê?, e então...
. Antes de entregar sua produção textual ao corretor, releia o que escreveu, faça a autocrítica e a autocorreção: confira se seu texto está fácil de ser entendido, se as frases e os parágrafos estão bem ligados), se os fatos obedecem a uma sequência cronológica e não se atropelam, se não há repetições nem sobra de palavras, se a ortografia, a pontuação, a acentuação gráfica e os plurais estão corretos.