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EM - DISSERTAÇÃO - MODELO FUVEST - APAGAMENTO DA CULTURA AFRO

FUVEST

APAGAMENTO DA CULTURA AFRO E DEMOCRACIA RACIAL

MODELO FUVEST

ID: G5P



Texto I

Marina Pereira de Almeida Mello, doutora em Antropologia Social e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o racismo implica na crença de que as diferenças humanas, do ponto de vista físico, devem ser naturalmente hierarquizadas. "É uma ideologia de exclusão, ao pressupor uma classificação dos diferentes, pautada na ideia de superioridade e de inferioridade", afirma Mello. No Brasil, diz a especialista, prevalece o que o sociólogo Oracy Nogueira [1917-1996] identificou como um "preconceito de marca", ou seja, uma pessoa é discriminada conforme suas características físicas: o tom da pele, o desenho do nariz e dos lábios, a natureza do cabelo, os gestos, o sotaque. (...) De acordo com Mello e com historiadoras (...), a educação tem um papel crucial na perpetuação e no combate ao racismo no país. "A escola deve desconstruir o ideal do homem europeu e cristão perfeito, naturalmente superior, exemplo do bem, da beleza e da verdade", diz Mello. (...) Os livros escolares ainda reduzem a história dos negros no país à época da escravidão, retratando-os como coadjuvantes passivos, incapazes de alterar o próprio destino, dizem os especialistas ouvidos pela reportagem. "A escola, lugar tão relevante de socialização e construção dos significados, ensina que negros são descendentes de escravos, não de pessoas comuns que foram escravizadas, sequestradas da sua terra natal", afirma Mello. "Eles são sempre representados de forma humilhante, a partir de estereótipos de feiura, rudeza, ignorância, primitivismo e agressividade." (...) Uma visão eurocêntrica da história do Brasil, no entanto, cria uma tensão racial entre os alunos, que tendem a se aproximar da cultura ou do fenótipo europeu, desprezando as suas raízes africanas. (...) "Se o aluno entender o processo histórico que desencadeou a desigualdade entre negros e brancos, ele não vai reforçar o preconceito", diz Mônica do Amaral, professora do Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, das Intolerâncias e dos Conflitos da Universidade de São Paulo (USP). "É preciso explicar aos alunos brancos que seus privilégios têm uma origem histórica, que nada tem a ver com competência, capacidade intelectual superior. Mas com condições desiguais de acesso aos bens culturais e materiais".

https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/22/racismo-como-a-educacao-brasileira-reforca-o-preconceito-e-apaga-os-herois-negros-da-historia-do-brasil.ghtml. Adaptado. Acesso em 8.set.2021.



Texto II

Religiões de matriz africana são alvos de 59% dos crimes de intolerância

Apesar de representarem apenas 0,2% da população do DF, os adeptos das religiões com ligações africanas são os que mais sofrem com o preconceito: 59,42% dos crimes de intolerância, somando todas as religiões, têm esses grupos como alvos.

RIOS, Alan. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/11/11/interna_cidadesdf,805394/religioes-de-matriz-africana-alvos-de-59-dos-crimes-de-intolerancia.shtml. Acesso em 8.set.2021.



Texto III

Na "democracia racial", o discurso racial entrincheirou-se no discurso "vulgar" (aforismático, passional, informal e privado), por meio da forma do não-dito racista que se consolidou, intimamente ligado às relações "cordiais", paternalistas e patrimonialistas de poder, como um pacto de silêncio entre dominados e dominadores. O não-dito é uma técnica de dizer alguma coisa sem, contudo, aceitar a responsabilidade de tê-la dito, resultando daí a utilização pelo discurso racista de uma diversidade de recursos tais como implícitos, denegações, discursos oblíquos, figuras de linguagem, trocadilhos, chistes, frases feitas, provérbios, piadas e injúria racial, configurando a não-intencionalidade da discriminação racial.

SALES, Jr. Ronaldo. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/K6nMrtbTHFH6Pp6GbH5QRVN/?format=html. Acesso em 8.set.2021.



Texto IV

O último país a abolir oficialmente a escravidão é o primeiro em população afrodescendente fora do continente africano. De acordo com os dados do IBGE, 54% dos brasileiros são negros ou pardos, ficando atrás, em quantidade, somente da população da Nigéria que, além de ser o país mais populoso da África, é o que tem o maior número de negros. A despeito desta constatação demográfica, o Brasil ainda está longe de ser uma democracia racial. Ao contrário, os dados do Mapa da Violência de 2019, uma série de estudos da Unesco que analisa as taxas de mortalidade dos municípios brasileiros, demonstram que ter a pele escura, no Brasil, é sinônimo de redução da expectativa de vida. O referido estudo revela que mais de 75% das vítimas de homicídio eram pessoas negras. Nos últimos dez anos, o número de homicídios de negros cresceu 30% a mais do que o de não-negros. Essas mortes são o reflexo dos conflitos sociais existentes no Brasil, o que torna o racismo e a discriminação racial um fenômeno presente e constante na sociedade. Essa relação da população negra com a violência se dá por meio dos estereótipos criados sobre o lugar onde estes indivíduos vivem e suas condições socioeconômicas. A falta de representatividade negra nos espaços de poder é um fator que contribui fortemente para manter essa população na base da pirâmide social, com os piores postos de trabalho, a média salarial mais baixa e vivendo sob as condições mais vulneráveis no que se refere à saúde, segurança e educação.

SILVA, Mayrla. Disponível: https://www.negritudesocialista.org.br/a-invisibilidade-do-povo-negro-nos-espacos-de-poder-valneide-nascimento-dos-santos/. Adaptado. Acesso em 8.set.2021.



PROPOSTA DE REDAÇÃO: Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: REFLEXÕES SOBRE O APAGAMENTO DA CULTURA AFRODESCENDENTE E O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL.

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