A expressão “violência
obstétrica” ofende médicos, que dizem não existir o fenômeno, mas, sim, casos
isolados de imperícia ou negligência médicas. (...). Não é verdade. A violência
obstétrica se manifesta de várias formas no ciclo de vida reprodutiva das
mulheres: em cada mulher insultada verbalmente porque sente dor no momento do
parto ou quando não lhe oferecem analgesia; na violência sexual sofrida em
atendimento pré-natal ou em clínicas de reprodução assistida; no uso de fórceps;
na proibição de doulas ou pessoas de confiança na sala de parto (...). A verdade
é que a violência obstétrica é uma forma de desumanização das mulheres.
A Venezuela foi o
primeiro país a regulamentar legalmente a “violência obstétrica” como “apropriação
do corpo das mulheres e do processo reprodutivo pelas equipes de saúde por
tratamento desumanos”. A violência obstétrica reduz as mulheres ao processo
reprodutivo: a um útero que se reproduz ou se recupera da reprodução. (...)
Expressões como “ser
mãe é padecer no paraíso” ou “as mulheres são mais tolerantes à dor do que os
homens” são formas cotidianas de justificar o sofrimento evitável como parte da
natureza dos corpos. (...) Há muita dor no parto, mas não são as dores das
contrações e da expulsão que transformam o rito de parir em um momento violento
— a violência é causada pelo abuso do poder médico e pela alienação das mulheres
do processo decisório.
Após recomendação expedida pelo
Ministério Público Federal em São Paulo, o Ministério da Saúde reconheceu o
direito legítimo das mulheres a usar o termo violência obstétrica, para
representar experiências vivenciadas durante o parto e nascimento que
configurem maus tratos, desrespeito e abusos à parturiente. O órgão governamental
informou, ainda, que vem adotando medidas para reduzir o número de ocorrências
de situações de atendimento inadequado, para que haja um avanço na qualidade da
atenção obstétrica e neonatal, incluindo o respeito à autonomia das mulheres, o
acolhimento e o cuidado seguro e humanizado.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Caminhos para acabar com a violência obstétrica no Brasil”. Apresente uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.