UNICAMP 2014/2015
REDAÇÃO 1 – SÍNTESE
REDAÇÃO 2 – CARTA-CONVITE
ABAIXO, REDAÇÃO 1
SÍNTESE - HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO À SAÚDE
ID: DTA
Você integra um grupo de estudos formado por estudantes universitários. Periodicamente,
cada membro apresenta resultados de leituras realizadas sobre temas diversos.
Você ficou responsável por elaborar uma síntese sobre o tema humanização no
atendimento à saúde, que deverá ser escrita em registro formal. As fontes para escrever
a síntese são um trecho de um artigo científico (excerto A) e um trecho de um
ensaio (excerto B).
Seu texto deverá contemplar:
a) o conceito
de humanização no atendimento à saúde;
b) o ponto de
vista de cada texto sobre o conceito, assim como as principais informações que sustentam
esses pontos de vista;
c) as relações
possíveis entre os dois pontos de vista.
Excerto A
A humanização é vista como a capacidade de oferecer
atendimento de qualidade, articulando os avanços tecnológicos com o bom relacionamento.
O Programa Nacional de Humanização da Assistência
Hospitalar (PNHAH) destaca a importância da conjugação do binômio
"tecnologia" e "fator humano e de relacionamento". Há um
diagnóstico sobre o divórcio entre dispor de alta tecnologia e nem sempre
dispor da delicadeza do cuidado, o que desumaniza a assistência. Por outro
lado, reconhece-se que não ter recursos tecnológicos, quando estes são necessários,
pode ser um fator de estresse e conflito entre profissionais e usuários,
igualmente desumanizando o cuidado. Assim, embora se afirme que ambos os itens
constituem a qualidade do sistema, o "fator humano" é considerado o
mais estratégico pelo documento do PNHAH, que afirma: (...) as tecnologias e os
dispositivos organizacionais, sobretudo numa área como a da saúde, não funcionam
sozinhos – sua eficácia é fortemente influenciada pela qualidade do fator
humano e do relacionamento que se estabelece entre profissionais e usuários no
processo de atendimento. (Ministério da Saúde, 2000.)
(Adaptado de Suely F. Deslandes, Análise do discurso
oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Ciência & saúde
coletiva. Vol. 9, n. 1, p. 9-10. Rio de Janeiro, 2004.)
Excerto B
A famosa Faculdade para Médicos e Cirurgiões da
Escola de Medicina da Columbia University, em Nova York, formou recentemente um
Programa de Medicina Narrativa que se ocupa daquilo que veio a se chamar “ética
narrativa”. Ele foi organizado em resposta à percepção recrudescente do
sofrimento – e até das mortes – que podia ser atribuído parcial ou totalmente à
atitude dos médicos de ignorarem o que os pacientes contavam sobre suas
doenças, sobre aquilo com que tinham que lidar, sobre a sensação de serem
negligenciados e até mesmo abandonados. Não é que os médicos não acompanhassem
seus casos, pois eles seguiam meticulosamente os prontuários de seus pacientes:
ritmo cardíaco, hemogramas, temperatura e resultados dos exames especializados.
Mas, para parafrasear uma das médicas comprometidas com o programa, eles
simplesmente não ouviam o que os pacientes lhes contavam: as histórias dos
pacientes. Na sua visão, eles eram médicos “que se atinham aos fatos”. “Uma
vida”, para citar a mesma médica, “não é um registro em um prontuário”. Se um
paciente está na expectativa de um grande e rápido efeito por parte de uma
intervenção ou medicação e nada disso acontece, a queda ladeira abaixo tem
tanto o seu lado biológico como psíquico.
“O que é, então, a medicina narrativa?”, perguntei*.
“Sua responsabilidade é ouvir o que o paciente tem a dizer, e só depois decidir o que fazer a respeito. Afinal de contas,
quem é o dono da vida, você ou ele?”. O programa de medicina narrativa já
começou a reduzir o número de mortes causadas por incompetências narrativas na
Faculdade para Médicos e Cirurgiões.
*A pergunta é feita por Jerome Bruner a Rita Charon, idealizadora do
Programa de Medicina Narrativa.
(Adaptado de Jerome Bruner, Fabricando histórias:
direito, literatura, vida. São Paulo: Letra e Voz, 2014, p. 115-116.)