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MODELO ENEM - PRECONCEITO LINGUÍSTICO

ENEM

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PRECONCEITO LINGUÍSTICO

MODELO ENEM
ID: E8R


Texto I

O preconceito linguístico é um preconceito social. Para isso aponta a afiada análise do escritor e linguista Marcos Bagno, brasileiro de Minas Gerais, professor da Universidade de Brasília, atualmente é reconhecido sobretudo por sua militância contra a discriminação social por meio da linguagem. No Brasil, tornou-se referência na luta pela democratização da linguagem e suas ideias têm exercido importante influência nos cursos de Letras e Pedagogia.

A importância de atingir esse meio, segundo ele, é que o combate ao preconceito linguístico passa principalmente pelas práticas escolares: é preciso que os professores se conscientizem e não sejam eles mesmos perpetuadores do preconceito linguístico e da discriminação. Preconceito mais antigo que o cristianismo, para Bagno, a língua desde longa data é instrumentalizada pelos poderes oficiais como um mecanismo de controle social.

Dialeto e língua, fala correta e incorreta: Bagno desnaturaliza esses conceitos e deixa à mostra a ideologia de exclusão e de dominação política pela língua, tão impregnada nas sociedades ocidentais. O controle social é feito oficialmente quando um Estado escolhe uma língua ou uma determinada variedade linguística para se tornar a língua oficial. Evidentemente qualquer processo de seleção implica um processo de exclusão. Quando, em um país, existem várias línguas faladas, e uma delas se torna oficial, as demais línguas passam a ser objeto de repressão.

É muito antiga a tradição de distinguir a língua associada ao símbolo de poder dos dialetos. O uso do termo dialeto sempre foi carregado de preconceito racial ou cultural. Nesse emprego, dialeto é associado a uma maneira errada, feia ou má de se falar uma língua. (...)

De fato, a separação entre língua e dialeto é eminentemente política e escapa aos critérios que os linguistas tentam estabelecer para delimitar dita separação. A eleição de um dialeto, ou de uma língua, para ocupar o cargo de língua oficial, renega, no mesmo gesto político, todas as outras variedades de língua de um mesmo território à terrível escuridão do não-ser.

Disponível em: https://desinformemonos.org/preconceito-que-cala-lingua-que-discrimina/. Acesso em 18 fev. 2025. Com ajustes.


Texto II

Texto III

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo / Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós / O que fazemos / É macaquear

A sintaxe lusíada  (Evocação do Recife – Manuel Bandeira)


Texto IV

O respeito às variações linguísticas não deve ser encarado como questão de tolerância, mas sim como um princípio básico de convivência. O preconceito linguístico é, muitas vezes, o primeiro de uma longa lista de discriminações, pois pode se manifestar já no primeiro contato entre falantes de diferentes padrões linguísticos. Em um país de dimensão continental como o Brasil, resistir ao reconhecimento da diversidade da língua é ignorar as noções mais elementares de respeito e urbanidade. Valorizar essa riqueza é, portanto, uma forma de combater desigualdades e fortalecer a identidade cultural.

Gislaine Buosi, educadora.


PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A questão do preconceito linguístico no Brasil do século 21”. Apresente uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.