Texto I Se por muitos séculos as pessoas foram levadas a acreditar que seus corpos não lhes pertenciam, hoje, após um longo período de puritanismo, as pessoas são coagidas a acreditar que o corpo é o objeto central da existência e dos afetos.
Como afirma Baudrillard (1991), o culto da higiene, da dieta e da terapia que cultua a juventude, elegância, virilidade e feminilidade, bem como os cuidados, rituais e sacrifícios ligados ao "mito do prazer", tudo hoje em dia é testemunha do fato de que o corpo passou a ser cultuado como um objeto de "salvação". Em sua função moral e ideológica, o corpo literalmente ocupou o lugar que antes pertencia à alma, afirma o autor. Pode-se dizer que "o corpo" e tudo o que ele simboliza estimulam nos brasileiros a conformação a um estilo de vida e a um código de conduta. A obediência a estas normas é recompensada pelo sentimento de pertencer a um grupo "superior". "O corpo" é um valor em si, que simultaneamente identifica o indivíduo com um grupo e o distingue dos demais. Esse corpo malhado, esculpido e desenhado constitui uma espécie de prova de virtude. O papel do corpo é uma importante forma de capital (físico, simbólico e social) na cultura brasileira.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902011000300002,
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Texto II
Magra, alta, gorda, branca, baixa, negra, cabelos longos ou curtos? Qual é o corpo padrão definido pela sociedade? Ou melhor, a sociedade pode impor que exista uma definição de corpo? Basta entrar na internet, desde os mais consagrados veículos de comunicação até os mais clichês, todos se submetem às imagens, reportagens e propagandas que induzem as pessoas a criarem um imaginário de corpo perfeito. O poder que a mídia tem sobre nossas mentes é absurdo, ela tem dilacerado a juventude, mudando hábitos de pessoas normais, transformando-as em escravas da indústria da beleza. Adolescentes, mulheres, homens acabam se afastando do mundo real por acreditarem que estão fora de forma física. Não comer muito para não engordar, malhar horas por dia, praticar exercícios físicos em excesso para conseguir resultados rápidos - hábitos como esses os tornam escravos da autoestima e consequentemente constroem uma guerra contra o espelho e geram uma autorrejeição. Podemos observar diariamente novos produtos para aprimoramento do corpo humano - independentemente da inflação e dos problemas econômicos, a mídia sempre mostra que tudo está perfeito e o correto é ser magra e feliz.
COMANDO: A partir do material de apoio e com base
nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um Artigo de Opinião, em norma padrão da língua portuguesa, que responda à pergunta-tema: “Ditadura da beleza: quais valores estão em jogo?”
Não custa lembrar...
O Artigo de Opinião, como o próprio nome já
diz, é um texto em que o autor expõe seu ponto de vista a respeito de algum
tema polêmico. É um gênero textual que se apropria do tipo dissertativo. O
articulista deve sustentar sua opinião por meio de evidências; deve, também,
assinar o Artigo – entretanto, nos vestibulares, o candidato deve usar apenas
as iniciais ou adotar um pseudônimo, a fim de que não seja identificado pelo
examinador, o que poderia ser motivo para a anulação da prova.
O texto é breve – aproximadamente, 25 linhas.
A linguagem é simples e objetiva.
O Artigo leva título e subtítulo/olho (fragmento
do próprio texto).
O Artigo de Opinião é, obviamente,
persuasivo: inserido nos grandes periódicos, é um serviço prestado ao leitor,
com o objetivo de convencê-lo acerca não só da importância do tema ali
enfrentado, mas também, e principalmente, da relevância do posicionamento do
articulista. São comuns o apelo emotivo, as acusações, o humor satírico, a
ironia – tudo baseado em informações factuais. No Artigo de Opinião, é preciso
conjugar as seguintes funções da linguagem: referencial (informação, na parte
introdutória), emotiva (criticidade, no desenvolvimento) e conativa
(apelo/ordem/aconselhamento ao leitor, na conclusão).