Texto II Uma pesquisa realizada
pelo laboratório Abbott, em vários países, constatou que os brasileiros, em
comparação com alemães, chineses, espanhóis, franceses, italianos e ingleses,
são os que menos informações têm sobre a verdadeira definição do que é ter um
corpo saudável. (...) Ficou comprovado que os brasileiros confundem facilmente
estética com saúde, principalmente por conta do volume de propaganda de
alimentos calóricos e pouco nutritivos e ou produtos que prometem emagrecimento
rápido.
A necessidade de exibir o
corpo ditado pela moda leva muita gente à desinformação. Não foram poucas as
pessoas que responderam que a melhor dieta reduz o peso em pouco tempo. Ora,
qualquer médico, de sã consciência, condena isso.
(...) Induzida pela
propaganda, geralmente enganosa, muita gente adquire e faz uso de produtos
suspeitos divulgados por um marketing bem produzido, colocando em risco a
própria saúde.
De acordo com dados da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos dez anos houve um
aumento de 141% nos procedimentos em jovens de 13 a 18 anos. Em 2016 – ano do
último censo realizado pela SBCP, foram realizadas 1.472.435 cirurgias
plásticas estéticas ou reparadoras, sendo 6,6% em adolescentes, ou seja, um total
de 97 mil cirurgias. O Brasil fica na liderança em números de jovens que passam
por esse tipo de cirurgia. Nos EUA, 4% dos pacientes são adolescentes, e no ano
passado ultrapassou 66 mil cirurgias estéticas, enquanto no Brasil os
procedimentos ultrapassaram 90 mil casos. Os procedimentos mais procurados são
a rinoplastia (correção estética ou funcional do nariz) e o implante de
silicone nos seios. (...) Apesar de ser a cirurgia mais procurada entre as
mulheres de todo o mundo – em 2017 foram implantadas 1,6 milhão de próteses de
seios, o implante de silicone fica em segundo lugar quando observamos apenas a
faixa etária até os 18 anos. (...) Muitas adolescentes acabam sendo
influenciadas a passarem por uma cirurgia plástica por conta de resultados que
veem na internet, nas redes sociais, na televisão, enfim, de pessoas famosas, o
que desperta a curiosidade o interesse.
A corpolatria é uma espécie de “patologia da
modernidade” caracterizada pela valorização excessiva do próprio corpo. O
corpólatra nãos e satisfaz com a própria imagem, acredita que pode e deve
aperfeiçoá-la. Para atingir seus objetivos, recorre a inúmeras cirurgias
plásticas (...). Vivemos um momento histórico sem utopias ou ideais. A sociedade
não luta por causas sociais, por um bem comum, daí o narcisismo. As pessoas
enxergam o próprio corpo como seu maior bem.
Joana Vilhena Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do
Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção social – Lips – da PUC-RIO
Texto V Ao falar em "imagem pessoal", é preciso ter muito cuidado para não deixar esse conceito se aproximar de outro que, diferente do que é extremamente prejudicial para a sua saúde: o culto ao corpo. Muitas pessoas confundem o cuidado com a imagem pessoal com o excesso de realização de procedimentos estéticos, ajustes na alimentação e prática de atividades físicas, em busca de uma forma física e um visual considerado “ideal” para a sociedade. O culto ao corpo é uma prática que, frequentemente, está associada a várias condições psicológicas graves, como a anorexia, bulimia e vigorexia, que afetam significativamente a saúde de quem comete esses excessos.
Boa parte da culpa do excesso de pessoas que se tornam vítimas do culto ao corpo é da moda e da mídia, que supervalorizam e estabelecem padrões visuais como as únicas alternativas encontradas para a beleza masculina ou feminina. Frustrados por não se parecerem com as modelos, atrizes e outras estrelas que dominam esse mercado, muitas pessoas se tornam completamente dependentes dos procedimentos estéticos, das dietas restritivas e das atividades físicas intensas para encontrar o que acreditam ser sua imagem pessoal. Em vez disso, acabam por enfrentar longos e desnecessários problemas de saúde, que poderiam ser evitados com a melhor compreensão do que significa realmente cuidar de sua imagem.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “LIMITES ENTRE ESTÉTICA E SAÚDE”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.