Texto I O Santander Cultural de Porto Alegre (RS) informou, neste domingo (10), que a exposição “Queermuseu – Cartografia da Diferença na Arte Brasileira” foi cancelada. Em cartaz desde agosto, a mostra deveria ficar aberta ao público até outubro, mas foi encerrada por conta da pressão de grupos de direita, que dispararam um virulento ataque nas redes sociais contra a exposição. A “Queermuseu” teve como proposta dar visibilidade a questões do universo LGBT presentes na sociedade e na cultura, assim como promover uma revisão de obras e artistas marginalizados. A exposição colocou em cartaz cerca de 270 trabalhos assinados por 85 artistas, entre eles nomes renomados como Leonilson e Lygia Clark, em suportes como pintura, gravura, fotografia, serigrafia, desenho, colagem, cerâmica, escultura e vídeo, emprestadas por coleções públicas e privadas brasileiras. Em alguns desses trabalhos a sexualidade é tratada de maneira explícita e, em outras, de forma abstrata. Grupos de direita como, o Movimento Brasil Livre (MBL), no entanto, acusaram a exposição de promover de “blasfêmia contra símbolos católicos” à pedofilia e zoofilia, movidos apenas por uma questão ideológica.
Texto II Uma das razões aceitas pelo Santander para cancelar a exposição sobre diversidade sexual em Porto Alegre caiu por terra com a inspeção de dois promotores de justiça. “Fomos examinar in loco, ver realmente quais obras teriam conteúdo de pedofilia. Verificamos as obras e não há pedofilia”, disse o Promotor da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Júlio Almeida. Ele viu algumas imagens que poderiam caracterizar cenas de sexo, mas isso não é crime. Se houvesse esse entendimento, museus do mundo inteiro teriam de ser fechados. No caso de Porto Alegre, segundo ele, se poderia pensar, no máximo, em uma classificação etária. “Do ponto de vista criminal, não vi nada.”, afirmou. Se um Promotor não viu nada, por que a gritaria de grupos levou a esse estado de coisas, com confrontos em Porto Alegre? Não há como afastar a responsabilidade do Santander, não porque patrocinou a mostra, mas por que deu ouvidos a grupos que, confundindo sinais, buscam se promover.
Texto III Em artigo da revista Cult, a ex-secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura Ivana Bentes, que também foi diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, condenou a proibição: "A patrulha fundamentalista e de 'ódioartivismo' repete o Partido Nazista da Alemanha, nos anos 1930, que passou a perseguir o que considerava uma “arte degenerada”, ligada aos movimentos vanguardistas modernos. Picasso, Matisse, Mondrian, glórias da arte mundial, foram considerados 'degenerados' e execrados em exposições pelos nazis. Repete-se no Brasil de 2017 o ridículo histórico."
COMANDO: A partir do material de apoio e
com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
Artigo de Opinião que responda à pergunta-tema: O que representam as obras que
causaram o fim da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte
Brasileira?
Não custa lembrar...
O
artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe
seu ponto de vista a respeito de algum tema polêmico. É um gênero textual que
se apropria do tipo dissertativo. O articulista deve sustentar sua opinião por
meio de evidências; deve, também, assinar o artigo – entretanto, nos
vestibulares, o candidato deve usar apenas as iniciais ou adotar um pseudônimo,
a fim de que não seja identificado pelo examinador, o que poderia ser motivo
para a anulação da prova.
O texto é breve –
aproximadamente, 25 linhas. A linguagem é simples e objetiva, uma vez que se
pretende atingir todo tipo de leitor. O texto, geralmente, é escrito na 1.ª
pessoa; leva título.
O artigo de opinião é,
obviamente, persuasivo: inserido nos grandes periódicos, é um serviço prestado
ao leitor, com o objetivo de convencê-lo acerca não só da importância do tema
ali enfrentado, mas também, e principalmente, da relevância do posicionamento
do articulista.
São comuns o apelo emotivo, as acusações, o humor satírico, a
ironia – tudo baseado em informações factuais. No artigo de opinião, é preciso
conjugar as seguintes funções da linguagem: referencial (informação, na parte
introdutória), emotiva (criticidade, no desenvolvimento) e conativa
(apelo/ordem/aconselhamento ao leitor, na conclusão).