EM - ARTIGO DE OPINIÃO - PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA - CASO RICHTHOFEN
ARTIGO DE OPINIÃO - EM
PRODUÇÃO
CINEMATOGRÁFICA DO CASO SUZANE VON RICHTHOFEN
ARTIGO DE OPINIÃO
ID:
EU9
Filmes
sobre assassinato dos Richthofen se tornaram alvos de polêmica nas redes
Há
mais de 17 anos, Suzane von Richthofen ganhou destaque em noticiários de todo o
Brasil. O caso da jovem que matou os pais em uma mansão de São Paulo, com a
ajuda do namorado e do cunhado, causou indignação em todo o país e também
repercutiu em veículos de comunicação internacionais. A história foi alvo de
reportagens e livros, e agora será contada nos cinemas. (...)
A
filha das vítimas, Daniel e o irmão dele, Cristian Cravinhos, foram condenados
por homicídio triplamente qualificado. Suzane, que tinha 18 anos na época do
crime, e o então namorado pegaram 39 anos e seis meses de prisão, enquanto
Cristian foi condenado a 38 anos e seis meses. (...)
Muitas
pessoas, revoltadas, afirmaram que as obras serão uma forma de reverenciar os
responsáveis pelo crime. Outros, porém, elogiaram a iniciativa e disseram estar
ansiosos para assistir nos cinemas a um dos crimes nacionais que mais
repercutiram no mundo. (...)
Nas
redes sociais, diversas críticas foram feitas ao fato de as produções abordarem
o caso Richthofen. "Um filme sobre o crime da Suzane Von Richthofen? Acho
bizarro e triste isso. Dar Ibope para uma criminosa fria que matou os próprios
pais, só no Brasil mesmo.", escreveu uma mulher. "Brasil adora enaltecer
criminosos", criticou outra. "O povo tinha que boicotar! É bem
provável que tentem justificar o que ela fez, como se tivesse algum problema
psicológico ou coisa parecida", afirmou um homem.
Houve
também comentários elogiando as produções e fazendo uma analogia com filmes
internacionais que também abordaram crimes. "Mas quando faz filme de
serial killer americano baseado em fatos reais, todo mundo assiste e aplaude.
(...), escreveu uma jovem. "Isso é normal. O cinema americano também adora
transformar histórias de assassinos em filmes. O importante é que não queiram,
de forma nenhuma, fazer o espectador criar alguma empatia por ela (Suzane). Ela
é uma psicopata clássica.", disse um rapaz.
Em
meio à polêmica, a BBC News Brasil conversou com especialistas em cinema e com
um produtor dos filmes para entender: afinal, uma produção audiovisual sobre um
crime pode ser uma forma de favorecer os criminosos?
Esclarecimentos
da produtora
Logo
após a repercussão do trailer, a produtora Santa Rita e a Galeria
Distribuidora, responsáveis pelos filmes, lançaram um comunicado sobre as
produções. No texto, esclareceram itens que se tornaram alvos de boatos — como
a possibilidade de que Suzane pudesse lucrar com as produções e que as obras
foram financiadas com recursos públicos.
No
texto, as empresas responsáveis pelas obras negam que as produções tenham sido
feitas por meio de recursos públicos ou com alguma forma de incentivo
governamental. "Estes filmes são produzidos 100% com investimento privado,
sem verba pública (Lei Rouanet, fundo setorial ou outros meios)". O texto
também afirma que Suzane, Daniel, Cristian ou qualquer pessoa retratada nas
produções não ganhará dinheiro com as obras. "Eles não estão envolvidos e
tampouco têm contato com atores, produtor, diretor ou equipe".
"Como
é um caso público e a produção só se baseia nos autos do processo, sem conexão
com os envolvidos, não haverá nenhum tipo de pagamento (aos envolvidos no
crime)", diz. Os roteiros dos filmes foram escritos com base nos
depoimentos de Suzane e Daniel à Justiça — eles apresentam contradições entre
si, principalmente ao apontar quem teria sido o mentor dos assassinatos, pois
Suzane diz que foi Daniel, enquanto o ex-namorado dela afirma que foi a filha
das vítimas.
Um
dos produtores dos filmes, Marcelo Braga, afirma que desde o início era esperada
a crítica, por retratar um crime de grande repercussão. "Trata-se de um
dos crimes reais mais midiáticos do Brasil, e aqui não temos a tradição de
produzir filmes dessa natureza", justifica, em entrevista à BBC News
Brasil. (...) "O que nos chamou atenção é que outras dezenas de filmes
gringos são bem vistos e não criam esta reação, justamente pelo Brasil não ter
tradição de realizar filmes de crimes reais que aqui aconteceram e impactaram a
nossa sociedade. Esta foi a diferença.", acrescenta Braga. Ele acredita
que, após o lançamento, o público entenderá a importância dos filmes sobre o
caso Richthofen. "A sociedade precisa debater suas questões para conhecer
aspectos da natureza humana. Como produtores, esperamos que os filmes sejam bem
aceitos pelo grande público e crie um debate positivo", declara.
COMANDO: A partir do
material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um Artigo de Opinião, com resposta à pergunta-tema: “As produções
audiovisuais de um crime são um modo de celebrizar os criminosos?”