A MEGERA DOMADA - SHAKESPEARE
RESENHA CRÍTICA
ID: FY6

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SEGUNDO ATO
(PÁDUA.
APOSENTO EM CASA DE BATISTA. ENTRAM CATARINA E BIANCA.)
BIANCA: Querida irmã, não me
torture fazendo-me de criada e de escrava. Isso me humilha. Quanto aos enfeites,
porém, solta minhas mãos que eu mesma os tirarei, sim, minhas roupas todas, até
a anágua. Isto, e tudo mais que ordenar, pois sei bem meus deveres para com os
mais velhos.
CATARINA: Pois ordeno que me
digas; de todos teus pretendentes, qual é o teu preferido? E não me vem com fingimentos.
BIANCA: Creia-me, irmã, de
todos os homens deste mundo ainda não conheci um, cujo rosto eu preferisse ao rosto
de outro homem.
CATARINA: Mentirosa
engraçadinha! Não é Hortênsio?
BIANCA: Se gostas dele, irmã,
eu juro interceder e fazer tudo para que o conquistes.
CATARINA: Ah, talvez então
prefiras um rico. Quem sabe Grêmio, que te conservará em ouro?
BIANCA: É ele que te causa
inveja? Ah, não, percebo que tu zombas; e tens zombado de mim o tempo todo. Por
favor, irmã Cata, solta minhas mãos.
CATARINA: Se isto é zombaria,
tudo o mais também. (BATE NELA. ENTRA BATISTA)
***
A primeira coisa que se deve
ter em mente ao começar a ler esta peça é: vista o pensamento da época em que
ela foi escrita. No século XVI uma mulher, especialmente da alta sociedade,
para ser considerada virtuosa deveria ser calma, paciente e obediente ao pai e
ao marido. Então vir com pensamento de “abaixo ao patriarcado” e “viva o
feminismo” não vai funcionar para te fazer desfrutar dessa divertida comédia.
***
No contexto renascentista, a
Megera era a mulher de gênio forte e língua afiada, alguém à frente do seu
tempo por questionar as atitudes dos homens e se colocar claramente contra
certas imposições sociais. (...) A figura da mulher como Megera era um símbolo
comum na sociedade em que Shakespeare viveu (...) – aí apareceram as bruxas, as
condenações à fogueira e cada vez mais a mulher era posta como uma persona de pouca
ou menor importância.
CONTEXTUALIZAÇÃO: Imagine que você seja um crítico de teatro, e que
tenha assistido a uma adaptação da obra “A megera domada”, de William
Shakespeare (1564-1616), poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior
escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo.
COMANDO: Escreva uma RESENHA CRÍTICA a respeito do
espetáculo teatral a que você assistiu, cujo texto será postado em seu blog.
Você já sabe, mas não custa lembrar...
A RESENHA CRÍTICA é uma abordagem analítica acerca de um objeto cultural: um poema, um livro, uma apresentação de balé, uma exposição de arte, uma partida de futebol etc.
Criticar é "falar mal"?
Abordar criticamente é opinar, é apresentar problemas e qualidades, pontos negativos e positivos que o resenhista julgar importante destacar. Portanto, a RESENHA não deve apenas apontar falhas (quando houver), mas deve também tecer elogios, pontos fortes da obra analisada. É muito comum jornais de grande circulação veicularem lançamento de livros, e, para tanto, o trabalho do resenhista é indispensável – a RESENHA tem a finalidade de apresentar determinada obra.
Como fazer?
A boa RESENHA, além de fornecer uma síntese do assunto, apresenta o maior número de informações sobre o trabalho – fatores que, ao lado de uma abordagem crítica e de algumas relações intertextuais, darão ao leitor os requisitos mínimos para que ele se oriente – esse é o objetivo da resenha: orientar o público consumidor daquele objeto cultural.
Imaginemos, por exemplo, a resenha de um livro - ela deve contemplar:
1) Breve apresentação do autor - nome, data e local do nascimento, da morte, formação acadêmica etc.;
2) Apresentação da obra - título, gênero, ano da publicação etc.;
3) Avaliação crítica da obra – a composição do enredo, a contextualização, a originalidade e o caráter atual (ou não) do trabalho etc.;
4) Outras impressões do resenhista;
5) Aconselhamento do resenhista acerca daquela leitura – é recomendada?; a que tipo de público-leitor?; por quê?