RELEITURA é a apropriação de uma referência
artística ou literária com um determinado propósito: recriar, reconstruir, a
fim de que a reconstrução, logicamente, dialogue com a peça-referência.
A releitura é um texto “espelhado”. E não se pode negar: a
recriação exige sensibilidade, técnica e muita criatividade!
A obra, base para a proposta dessa releitura,
é “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, do autor brasileiro Machado de Assis. (“Póstumo”
é aquilo que acontece depois da morte de alguém.) O enredo traz a personagem
Brás Cubas, um defunto que resolve escrever suas memórias. Que incrível! Brás nos
conta que foi um menino muito traquinas, quer dizer, travesso, arteiro – e,
claro, deixa registradas muitas de suas traquinagens.
E então? Gostou do "spoiler"? Que tal lermos a
obra? Que tal escrever mais um episódio de “Memórias Póstumas de Brás Cubas?
Abaixo, sua proposta de trabalho: a redação de um CONTO.
CONTEXTUALIZAÇÃO: Leia um trecho do capítulo intitulado “O menino é o
pai do Homem”, da obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, com nossas adaptações:
“Cresci naturalmente, como crescem as
flores e os gatos. Talvez os gatos sejam menos arteiros e as flores, com
certeza, menos inquietas do que eu. (...) Eu escondia os chapéus das visitas,
colocava rabos de papel nas pessoas mais velhas, puxava-lhes os cabelos,
dava-lhes beliscões. E fazia também outras façanhas, como a vez em que deitei
um punhado de cinza no tacho de doce de coco. Meu pai tinha grande admiração
por mim. Às vezes, se me repreendia na frente dos outros, isso era simples
formalidade, porque, em particular, dava-me beijos.”
COMANDO: Você deverá imaginar-se o menino Brás Cubas, e escrever um
episódio em que você (Brás Cubas) faça uma travessura. Não se esqueça: o enredo
se passa em uma época em que não havia smartphone, nem videogame e nenhum outro
eletroeletrônico que os meninos de hoje têm.
Pense, levante hipóteses: onde eu estava quando fiz aquela travessura?, por
que fiz aquilo?, algum amigo me ajudou?, quando tudo aconteceu?, como?, quais
as consequências da minha travessura?, minha mãe ficou brava comigo?, e meu pai?
etc., etc. Escreva de 25 a 30 linhas.
Não economize criatividade! Pense em algumas cenas sutilmente cômicas; a
comicidade e a ironia são traços marcantes de Machado de Assis.
O que é CONTO?
Você já sabe, mas não custa lembrar...
Contos são narrativas curtas – o escolar tem, aproximadamente, trinta
linhas. É preciso pensar em: trama (história), personagens (que agem ao longo
da história), tempo (quando acontecem os fatos), narrador (quem conta a
história) e espaço (lugar em que acontecem os fatos).
Atenção à estrutura tradicional do conto: apresentação (das personagens,
do tempo e do espaço), complicação (envolvimento/ação das personagens), clímax
(instante de maior suspense) e desfecho (final da trama).
. Esteja
certo de que ninguém pensaria naquilo em que você pensou – isso é ser original.
. Não
tenha preguiça de escrever e reescrever o texto – o segundo é sempre melhor do
que o primeiro; o terceiro, muito, muito melhor do que o segundo...
. Até
o final de seu conto, o leitor deverá encontrar respostas para: o quê?, quem?,
como?, quando?, por quê?, e então...
. Antes
de entregar sua produção textual ao corretor, releia o que escreveu, faça a
autocrítica e a autocorreção: confira se seu texto está fácil de ser entendido,
se as frases e os parágrafos estão bem ligados), se os fatos obedecem a uma
sequência cronológica e não se atropelam, se não há repetições nem sobra de
palavras, se a ortografia, a pontuação, a acentuação gráfica e os plurais estão
corretos.