“Não existe discurso de
ódio. Existe o discurso da luta de classes. De um lado, a voz da elite que
sempre foi dominante; do outro, o silêncio da maioria explorada" sentenciou
o jornalista e ex-presidente da EBC – Empresa Brasil de Comunicação, Ricardo
Melo, ao iniciar sua fala. Para ele, a disputa de narrativa e o consequente
acirramento da luta de classes no Brasil está atrelado ao monopólio e
concentração midiática. Segundo Melo, isso reflete no conteúdo produzido pela
mídia, como, por exemplo, ao noticiar sobre as manifestações e reduzi-las entre
manifestações de vândalos e manifestações de defensores da ordem, “essas
manchetes são sintomáticas”. “Uma família controlar e monopolizar vários meios
como faz a família Marinho é o maior exemplo de concentração de mídia que
devemos combater”, afirmou Melo.
A sociedade e o cotidiano foram tomados por uma
gama de produtos eletroeletrônicos que ampliaram as possibilidades de interação
entre os sujeitos, e fomentaram uma via de posicionamento em relação ao
exercício da cidadania e ao ativismo político. Nesse contexto, é natural que
existam relações de comunhão e conflito, haja vista o fato de que numa
sociedade plural e democrática deva preservar a convivência pacífica entre
visões diferentes de mundo. No entanto, tornam-se cada vez mais necessárias
ações que visem a compreensão e a sensibilização para os valores democráticos,
principalmente os da tolerância com as diferenças e o respeito às liberdades e
garantias individuais. Apenas desta forma crê-se que a barbárie não tomará o
lugar da civilidade.
QUADRADO,
Jaqueline Carvalho e FERREIRA, Ewerton da Silva. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rk/a/3LNyLswf9rkhDStZ9v4YT3H/. Adaptado.
Acesso em 18.abr.2023.
Texto V
Discurso de ódio e polarização política: o desafio
da convivência democrática
O discurso de ódio tem ganhado força no Brasil em
meio à polarização entre partidos governistas e partidos da oposição. Nessa
disputa, adversários tornam-se inimigos, o que transforma a divergência de
ideias em ataques pessoais e legitima práticas de intolerância. Esse ambiente
já resultou em episódios graves, como o assassinato do guarda municipal Marcelo
Arruda, em 2022, em um contexto marcado por violência política. Embora a
liberdade de expressão seja um direito constitucional, ela não pode ser
confundida com licença para disseminar preconceito ou incitar a violência. Cabe
à sociedade, às instituições e aos próprios líderes políticos fomentar um
debate crítico e responsável, no qual a linguagem sirva para construir pontes e
não para aprofundar divisões.
Por
Gislaine Buosi, advogada e educadora.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Caminhos para lidar com divergências ideológicas e discurso de ódio na sociedade contemporânea”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.