"A gravidez na adolescência é uma
realidade que a sociedade fecha os olhos, finge que não existe. [No total] 20%
dos partos do SUS são de adolescentes, não é um número pequeno", analisou.
"Vejo na cadeia, menina que com 14 anos teve o primeiro filho, com 16 o
segundo, com 17 o terceiro [...] Você vê que toda discussão de campanhas para
gravidez na adolescência não fala dos homens. Os homens engravidam as mulheres
e não tem nenhuma responsabilidade", complementou. Para ele, três fatores
fundamentais interferem o desenvolvimento de uma criança: infância
desassistida, adolescência criada sem limites e convívio com pares violentos.
(...) quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos, também passa pelo difícil processo de adaptação a uma situação imprevista e inesperada. Diante disso cabe nos perguntar: por que isso acontece? O mundo moderno, sobretudo no decorrer do século XX e início do século XXI vem passando por inúmeras transformações nos mais diversos campos: econômico, político, social. Essa situação favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações e liberdade recebida por esses jovens os levam à banalização de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de certa falta de limite e responsabilidade é um dos motivos que favorecem a incidência de gravidez na adolescência. Outro fator que deve ser ressaltado é o afastamento dos membros da família e a desestruturação familiar. Seja por separação, seja pelo corre-corre do dia a dia, os pais estão cada vez mais afastados de seus filhos. Isso além de dificultar o diálogo de pais e filhos, dá ao adolescente uma liberdade sem responsabilidade. Ele passa, muitas vezes, a não ter a quem dar satisfações de sua rotina diária, vindo a procurar os pais ou responsáveis apenas quando o problema já se instalou. A desinformação e a fragilidade da educação sexual são também questões problemáticas. As escolas e os sistemas de educação estão muito mais preocupados em dar conta das matérias cobradas no vestibular, como: física, química, português, matemática, etc., do que em discutir questões de cunho social. Dessa forma, temas como sexualidade, gravidez, drogas, entre outros, ficam restritos, quase sempre, aos projetos, feiras de ciência, semanas temáticas etc.
COMANDO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um Artigo de Opinião sobre o tema: “Gravidez na adolescência em debate”.
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Não custa lembrar...
O Artigo de Opinião, como o próprio nome adianta, é um texto em que o autor expõe seu ponto de vista a respeito de algum tema polêmico. É um gênero textual que se apropria do tipo dissertativo. O articulista deve sustentar sua opinião por meio de evidências; deve, também, assinar o Artigo – entretanto, nos vestibulares, o candidato deve usar apenas as iniciais ou adotar um pseudônimo, a fim de que não seja identificado pelo examinador, o que poderia ser motivo para a anulação da prova.
O texto é breve – aproximadamente, 25 linhas.
A linguagem é simples e objetiva, uma
vez que se pretende atingir todo tipo de leitor.
O Artigo, geralmente, leva título.
O Artigo de opinião é persuasivo: inserido nos grandes periódicos, é um serviço prestado ao leitor, com o objetivo de convencê-lo acerca não só da importância do tema ali enfrentado, mas também, e principalmente, da relevância do posicionamento do articulista. São comuns o apelo emotivo, as acusações, o humor satírico, a ironia – tudo baseado em informações factuais.
No Artigo de Opinião, é preciso conjugar as seguintes funções da linguagem: referencial (informação, na parte introdutória), emotiva (criticidade, no desenvolvimento) e conativa (apelo/ordem/aconselhamento ao leitor, na conclusão).