SIMULADO
1 IMEPAC 2023
ORIENTAÇÃO GERAL
Leia com atenção as instruções.
A) Você se deparará com duas situações (situação A e situação
B) e deverá optar por uma delas, registrando sua opção no canto esquerdo da
Folha de Redação.
B) Dê um título para sua redação. Escreva o título no lugar
apropriado na Folha de Redação.
C) Não se esqueça de que você deverá fazer um TEXTO
PREDOMINANTEMENTE DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO.
D) Não copie trechos dos textos motivadores ao fazer sua
redação.
E) A redação deve conter, NO MÍNIMO, 25 e, NO MÁXIMO, 30
linhas. Um texto com menos de 12 linhas não será corrigido e lhe será atribuída
nota ZERO.
F) O candidato que obtiver nota zero na prova de redação será
eliminado.
Temas elaborados pela professora Miriane Dayrell – Colégio Nacional
SITUAÇÃO B
Lei que obriga ensino de história afro-brasileira
completa 20 anos, mas está longe de ser realidade nas escolas, dizem
especialistas
Importante para combater o racismo e reconhecer a contribuição do povo
negro na construção da nossa sociedade, tema é tratado em sala de aula com
'superficialidade e estereótipos'.
Por Emily Santos, g1 —
São Paulo
21/01/2023
06h00 Atualizado há uma semana
A lei
que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira e
africana nas escolas de todo o Brasil completou 20 anos neste mês de janeiro. Apesar do
período em vigor, ainda está longe de ser realidade e enfrenta uma série de
desafios para ser posta em prática, segundo especialistas na área.
Educadores
e historiadores ouvidos pelo g1 destacam a
importância do tema ser debatido em sala de aula como forma de combater o racismo, valorizar a diversidade e reconhecer a contribuição e o papel fundamentais do povo
negro na construção da nossa sociedade.
Eles
ressaltam, porém, que, em geral, o assunto é tratado nas escolas - quando é
tratado - com superficialidade, estereótipos e materiais desatualizados.
Também relatam falta de apoio na formação dos professores.
1. O que diz a lei?
A lei
10.639 tem o objetivo de resgatar "a contribuição do povo negro nas áreas
social, econômica e política pertinentes à História do Brasil". Ela
especifica os temas que devem ser abordados obrigatoriamente em
sala de aula, incluindo:
·
História da África e dos africanos;
·
A luta dos negros no Brasil;
·
A cultura negra brasileira; e
·
O negro na formação da sociedade
nacional.
Essess
conteúdos devem ser dados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial
nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
A lei
modificou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, que define os
conteúdos obrigatórios que devem ser desenvolvidos pelas escolas - tanto da
rede pública quanto privada. A LDB também traz orientações como a de que o
ensino considerar o pluralismo de ideias, respeito à liberdade e
garantia de padrão de qualidade.
2. Por que é importante o ensino de história afro-brasileira nas
escolas?
·
Não existe história do Brasil sem a
história afro-brasileira.
Para
especialistas, não dá para falar do Brasil sem considerar a
influência da população negra.
Os negros estiveram no Brasil na colonização, na Independência,
na República, na ditadura e na redemocratização. E permanecem. Trabalhar estes
assuntos em sala de aula sem reforçar isso pode levar ao erro de reduzir a
presença negra apenas a situações diretamente ligadas à escravidão ou de
extrema marginalização.
—
Wilson Mattos, professor titular da Universidade do Estado da Bahia (Uneb)
"Não há história e história afro-brasileira. A história
é uma só. Cultura é uma só", ressalta o professor, que leciona Teoria da
História e Historiografia.
Segundo
ele, essa noção é essencial na construção de uma sociedade antirracista por
reconhecer a importância da diversidade do país e ajudar na integração de
pessoas negras em espaços em geral negados a elas.
Quando
é abordado nas aulas, Mattos pondera que é tratado com superficialidade,
estereótipos e materiais desatualizados.
3.
Papel da escola no combate ao racismo
O
ensino de história afro-brasileira foi um dos critérios avaliados pela
defensora pública Carolina Anastácio na hora de escolher a escola do filho,
Pedro Ivo, de 7 anos, que estuda em um colégio particular do Rio de Janeiro.
Como
mulher branca, ela se preocupa com as referências que ele vai
levar para a vida. Por isso, considera importante que a escola
ensine sobre aspectos sociais e históricos para ajudar a combater o racismo.
Além
disso, Carolina também faz seu papel em casa. Ela e
o marido, que também é defensor público, estimulam o filho a observar, desde
muito jovem, o ambiente ao seu redor.
"Se
estamos em um espaço majoritariamente branco, ele já consegue questionar isso.
E sabemos que a escola proporciona e vai proporcionar as ferramentas para ele
entender por que isso acontece, enquanto damos o apoio para ele levantar estes
questionamentos", diz.
É um trabalho conjunto, em casa e na escola, que
vai ajudar o Pedro a formar um pensamento crítico no futuro.
Para
os estudantes Rahzel Malik, de 20 anos, e Mileenna Lekysha, 17, moradores do
Jardim Brasil, na Zona Norte de São Paulo, faltou esse apoio da escola.
Oriundos de colégio público, o conteúdo afro-brasileiro foi abordado de forma
estigmatizada.
Quando
surgiam dúvidas sobre questões relacionadas à sua negritude e o papel dos
negros na história e na sociedade brasileiras, era ao pai, Wellington de Paula
(conhecido como Akilah Jelani) que recorriam.
Boa parte do que eles sabem hoje, souberam por mim.
Na escola, aprenderam pouco sobre a história dos negros brasileiros e, quando
aprenderam, foi naquela narrativa de quase como se os africanos escravizados
tivessem vindo para o Brasil por vontade própria, e depois tivessem sido
libertos por boa vontade dos colonizadores.
—
Akilah Jelani, pai de dois estudantes de São Paulo.
Mesmo
assim, ele tentou despertar a curiosidade e trazer para os filhos a noção
básica de negritude e pertencimento. Akilah, que trabalha como agente de
transformação social em coletivos culturais, levava os filhos para ações que
trabalhavam aspectos culturais e estéticas afro-brasileiros.
Agora,
Rahzel cursa ciências da computação e Mileenna está prestes a concluir o ensino
médio, mas o pai acredita que a escola falhou no desenvolvimento do pensamento
crítico dos filhos.
"Eu
queria que coisas como essa tivessem sido ensinadas na escola também, porque
acredito que ajuda na compreensão da sociedade racista. Isso ajudaria meus
filhos a identificar situações de racismo estrutural, até como forma de se
defenderem, e daria a eles uma noção de como nosso povo ajudou nossa
sociedade", lamenta.
5. Desafios
Formação
dos professores
A
especialista em educação do Itaú Social Juliana Yade defende que o trabalho de
transmitir este conhecimento aos alunos deve começar pela formação adequada dos
docentes já na graduação. Ninguém pode ensinar se não
aprender. Há quem aprenda pela vivência, há quem aprenda por conta própria, mas
é necessário haver uma padronização nas instituições oficiais do ensino para
formar profissionais qualificados.
Ela
também cobra mais atuação das secretarias de educação, que
devem oferecer formação continuada aos professores em atividade.
Em
algumas redes, isso já acontece. No Espírito Santo, por exemplo, a Secretaria
de Estado da Educação deu cursos de formações continuadas aos professores da
rede pública estadual. Entre os temas de formação, estavam “Raízes: Educação
das Relações Étnico-raciais” e “Educação das Relações Étnico-raciais e
Modalidades Indígena e Quilombola”.
Falta de incentivo
No
entanto, esse cenário não é unânime. A professora Lavínia Rocha, que leciona
história em duas escolas privadas em Belo Horizonte, opina que falta incentivo.
Muitos colegas acabam se informando e 'se
formando' por conta própria, porque se interessam pelo tema. Mas é difícil se
manter atualizado se não houver estímulo das secretarias de educação. Para um
professor que trabalha 40 horas por semana, que precisa preparar aulas e
corrigir provas, não resta muito tempo livre para estudar.
Ela
lembra que aprendeu pouco sobre África e do contexto afro-brasileiro durante
sua licenciatura e foi só durante o processo de descobrimento de sua identidade
racial que aprofundou seus conhecimentos sobre o assunto.
"Me
formei com defasagem no ensino. Não estudei África pré-colonial na faculdade,
não vi nada sobre o assunto na escola. Então, estou correndo atrás, e é graças
ao meu interesse pelo tema que consigo ensinar com mais empenho", diz.
Recentemente,
um vídeo de Lavínia viralizou nas redes sociais. Na gravação, ela mostra o
avanço dos alunos de 5º ano após aulas sobre o continente africano no período
pré-colonial. Ela conta que ficou feliz com a repercussão e os elogios
recebidos, mas que a parte mais positiva da experiência foi ver a animação dos
próprios alunos.
"Todos
se empenharam para aprender, mas senti a empolgação principalmente nos alunos
negros, que sentiam vontade de conhecer a história de seus antepassados, de
entender como eles chegaram até aqui e estavam curiosos sobre que a existência
deles representa", diz a professora.
[Fonte: G1, acesso janeiro de 2023.]
Com base na leitura do texto motivador e nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo em norma padrão (culta) da língua portuguesa,
posicionando-se sobre a importância do ensino de história e de cultura
afro-brasileira e africana nas escolas para combater o racismo no Brasil.
Para tanto, apresente sua opinião sobre o tema respeitando os direitos humanos.
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