O Fenômeno das Bonecas ‘Bebê Reborn’ e a Saúde Mental no Brasil
A crescente popularidade das bonecas chamadas de ‘bebês reborn’ no
Brasil tem gerado reflexões profundas entre psicanalistas e outros
profissionais da saúde, especialmente sobre os impactos emocionais e sociais
desse fenômeno. Essas bonecas hiper-realistas, tratadas por muitos como filhos,
levantam questões sobre desamparo, substituição simbólica e regressão psíquica.
Veremos abaixo como psicanalistas clássicos, além de Freud, observariam
este fenômeno:
Sigmund Freud e a compulsão à repetição: Freud poderia interpretar esse
fenômeno como uma manifestação da compulsão à repetição, onde o sujeito busca
reviver experiências passadas não elaboradas. O apego excessivo a um objeto
inanimado como as bonecas ‘bebê reborn’ pode indicar um mecanismo de defesa
contra a perda, evitando o confronto com o luto (processo extremamente natural
e necessário).
Jacques Lacan e a falta estrutural: Já para Lacan, o desejo humano é
estruturado pela falta, e as bonecas ‘bebê reborn’ podem ser vistas como uma
tentativa de preencher um vazio simbólico. A pessoa que investe emocionalmente
nessas bonecas pode estar buscando um outro idealizado, que nunca frustra,
nunca abandona e nunca exige.
Disponível
em: https://www.psicanaliseclinica.com/bebe-reborn/. Acesso em 19 set.2025.
Adaptado.
Texto II
A psicóloga Leila Tardivo, da Universidade de São Paulo (USP), alerta
que o excesso de cuidados com bebês reborn pode ser um sinal de que a "mãe
de boneca" esteja precisando de ajuda profissional. “Se a pessoa fica
cuidando, dando mamadeira, trocando fralda intensamente, talvez seja o caso da
própria pessoa ou da família pensar em será que [a mãe de boneca] não está
precisando de alguma ajuda... de repente, procurar um profissional e
conversar", diz a profissional. Os bebês reborn são bonecos realistas que
parecem um ser humano. O nome “reborn” — renascida, em inglês — reflete esse
processo artesanal na criação do brinquedo. De todo modo, a médica explica que
o apego às bonecas não é necessariamente patológico. “São gostos individuais.
Por que julgamos uma mulher que brinca com boneca, mas não um homem que
coleciona super-heróis?”, questiona.
Disponível
em: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/05/12/sera-que-nao-estao-precisando-de-alguma-ajuda-questiona-psicologa-sobre-pessoas-que-cuidam-intensamente-de-bebes-reborn.ghtml.
Acesso em 19 set.2025.