No Brasil, a
maioria das crianças que conseguem ser adotadas tem até dois anos. A partir dessa
idade, a colocação em família adotante torna-se mais difícil, restando às
crianças maiores uma eventual adoção por estrangeiros ou a permanência em
instituições. A impressão é a de que um bebê é mais facilmente “moldado” e é
mais fácil amar um bebê totalmente dependente do que uma criança maior. As
dificuldades encontradas referem-se aos processos de socialização, dinâmica
familiar e práticas educativas da família, o que, convenhamos, poderia
acontecer tanto na criação de um filho biológico quanto na de um bebê adotado.
A adoção tardia, termo controverso,
designa a adoção de crianças a partir dos 3 anos, ou seja, a adoção não de
bebês, e sim daqueles que já trazem consigo, além de certa autonomia, histórias
de vida que não podem ser apagadas. O termo é controverso porque, a todo ver,
nunca é tarde para a construção social de famílias. (...) A adoção de não-bebês
exige esforços significativos de adaptação, tanto por parte dos adotantes
quanto dos adotados – esses, especialmente, marcados por insegurança e, por
vezes, traumas de diversas nuances, entre as quais a possibilidade de um
próximo abandono. O histórico do adotando, nem sempre conhecido pelo adotante,
pode ser uma zona cinzenta que, inclusive, interfira na decisão do adotante.
Período prolongado em abrigos, ainda que paradoxalmente, pode sugerir ao
adotando certa estabilidade, uma vez que ele próprio já tem a opção de “não
trocar o certo pelo duvidoso” – melhor dizendo, não trocar o conhecido pelo
desconhecido. (...) De fato, a dificuldade maior está na adoção de
adolescentes, que, o mais das vezes, são vistos como potencialmente
intransigentes – nesse caso, pessoas não maleáveis à convivência familiar.
Contudo, é importante dizer que, tardia ou não, a adoção de pessoas é
necessária, a fim de amparar afetuosamente aqueles que, por quaisquer motivos,
perderam a chance de conviver com a família biológica.
Gislaine Buosi
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos
textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da
língua portuguesa sobre o tema: “Desafios para a adoção tardia na sociedade
contemporânea”. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.