O conceito de “lugar de fala” tem gerado intensos
debates, especialmente quando se trata da representação de grupos
historicamente marginalizados, como mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+. Muitos
defendem que apenas quem vivencia diretamente determinadas opressões pode
discorrer sobre elas com legitimidade. Outros, porém, argumentam que qualquer
pessoa, desde que bem informada e empática, tem o direito de participar desses
diálogos. No centro dessa controvérsia, há o risco de esvaziamento do próprio
conceito: reduzi-lo à ideia de “quem pode ou não falar” ignora a profundidade
do tema. Inspirado pela filósofa Djamila Ribeiro, o debate mais frutífero
aponta que todos falam a partir de um contexto social — ninguém é “neutro”.
Portanto, “lugar de fala” não deve ser uma barreira à escuta, e sim uma
ferramenta não só para reconhecer desigualdades de acesso à palavra, como também
valorizar a autonomia dos que foram silenciados. Afinal, “cala a boca já
morreu”!
Gislaine
Buosi, advogada e educadora.
COMANDO: Escreva um Artigo de Opinião que responda à pergunta-tema: “Lugar
de fala: conceito que empodera ou exclui pessoas do debate público?”
Só
para lembrar...
ARTIGO DE OPINIÃO é um texto
em que o autor expõe seu ponto de vista a respeito de algum tema polêmico. É um
gênero textual que se apropria, predominantemente, do tipo dissertativo. Inserido
em jornais e revistas, é um serviço prestado ao leitor, com o objetivo de
convencê-lo acerca não só da importância do tema ali enfrentado, como também da
relevância do posicionamento do articulista. São comuns o apelo emotivo, as
acusações, a ironia – tudo baseado em informações factuais. No artigo, é
preciso conjugar as seguintes funções da linguagem: referencial (informação, na
parte introdutória), emotiva (criticidade, no desenvolvimento) e conativa
(apelo/ordem/aconselhamento ao leitor, na conclusão).
O artigo, geralmente, é
escrito na 1ª pessoa do discurso, leva título e assinatura.
A
estrutura do artigo de opinião procura seguir:
. Introdução, com a
apresentação do tema e da tese a ser defendida;
. Desenvolvimento, com as
argumentações para a defesa da tese e
. Conclusão, com a
reafirmação da tese e, o quanto possível, a provocação do leitor,
encaminhando-o para as próprias reflexões.
ALERTA!
Cuidado com as armadilhas da primeira pessoa:
não escreva: “eu acho que”; “na minha opinião”; “no meu modo de pensar” etc.,
porque essas expressões são consideradas armadilhas da primeira pessoa.