PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com
base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “A linguagem neutra em debate no Brasil”, apresentando
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
TEXTO I
O gênero neutro é a substituição dos artigos
feminino e masculino por um “x”, “e” ou até pela “@” em alguns casos. Assim,
“amigo” ou “amiga” virariam “amigue” ou “amigx”. As palavras “todos” ou “todas”
seriam trocadas, da mesma forma, por “todes”, “todxs” ou “tod@s”. A mudança,
como é popular principalmente na internet, ainda não tem um modelo definido.
Os defensores do gênero neutro também defendem a
adoção do pronome “elu” para se referir a qualquer pessoa, independente do
gênero, de maneira que abranja pessoas não-binárias ou intersexo que não se
identifiquem como homem ou como mulher.
Nas Olimpíadas de Tóquio, a narradora Natália Lara
o comentarista Conrado Santana, do SporTV, deram visibilidade ao assunto
durante uma partida de futebol entre as seleções femininas do Japão e Canadá.
Os profissionais utilizaram o pronome “elu” para se referir a Quinn,
atleta canadense que se identifica como pessoa trans não-binária.
Para o professor de língua portuguesa na Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e
doutor em linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Jonathan Moura, a neutralidade de gênero na língua é abrangente e vai além de
questões relacionadas a pronomes.
“Na ginecologia, profissionais já utilizam ‘pessoas
grávidas’, em vez de ‘mulheres grávidas’, porque há a noção de que pessoas
trans também podem engravidar e não necessariamente são mulheres. Isso também é
neutralidade de gênero”, explica.
Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/10/28/entenda-o-que-e-a-linguagem-neutra-que-usa-por-exemplo-todxs-e-amigues.ghtml
TEXTO II
A proposta de criação de um gênero neutro na língua
portuguesa e de mudanças na forma com que nos comunicamos nem sempre é aceita,
e costuma ser vista como “capricho”. Para Monique Amaral de Freitas, doutoranda
em Linguística pela USP (Universidade de São Paulo), apresentadora do podcast
“Linguística Vulgar” e colunista no blog “Cientistas Feministas”, o debate está
longe de ser irrelevante.
“Há dois problemas com esse tipo de afirmação. O
primeiro é que ela pressupõe que a língua seria apenas um reflexo da sociedade,
o que, a esse altura, no campo das ciências da linguagem, já sabemos que não é
verdade. A relação entre língua e sociedade não é de mão única. As coisas que
dizemos são, por elas mesmas, ações no mundo, elas têm consequências. O segundo
problema é que refletir sobre a linguagem não nos impede de agir a respeito de
outras questões”, explica.
A implementação da linguagem neutra seria uma forma
de inclusão de grupos marginalizados, acredita Jonas Maria, de São Paulo,
criador de conteúdo LGBTQI+ e graduado em Letras.
“Não é uma simples mudança gramatical, mas uma
mudança de perspectiva”, afirma. “Quando falamos em linguagem neutra, estamos
falando sobre gênero, relações de poder. Sobre tornar visível uma parcela da
sociedade que é sempre posta à margem, que são as pessoas transgêneras”, disse
Maria ao TAB.
Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-em-questoes-linguisticas.htm
TEXTO III
Um dos pontos levantados por quem é contra o uso
da Linguagem Neutra é que as novas grafias tornam a
comunicação repetitiva e longa. Dizer “todos e todas”, por exemplo, é
redundante, visto que pode-se dizer apenas “todos”.
Outro ponto que recebe críticas são as mudanças de
grafia com “x” ou “@”, que dificultam a leitura. Além disso, pessoas com
deficiência visual que usam programas para ler textos seriam afetadas,
pois os softwares não fazem a leitura de palavras escritas dessa forma.
Da mesma maneira, a compreensão das palavras também
poderia ser comprometida com a utilização do sufixo “-e”. Falas ou textos que
fazem uso desses termos podem ser mais complicados ou confusos para pessoas que
não estão acostumadas ou não têm conhecimento.
Em suma, os argumentos contrários têm como base o
fato do gênero masculino ser considerado neutro pelos órgãos que regulam os
idiomas, como a Real Academia Espanhola e Academia Brasileira de Letras.
Em outras palavras, como o masculino designa todos
os gêneros, em teoria, nenhuma alteração seria necessária.
Disponível em: https://clubedoportugues.com.br/linguagem-neutra/
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