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Fuvest – dissertação modelo: Devem existir limites para a arte?

“Devem existir limites para a arte?”

A Fuvest, como sempre, acertou na mosca!

A Fuvest, por vezes, aposta em temas de viés reflexivo, filosófico e sociológico. Na edição 2017, cujo recorte temático foi O homem saiu de sua menoridade?, o texto de apoio, de Immanuel Kant, permitiu ao candidato estabelecer um diálogo entre Iluminismo e questões contemporâneas – o candidato deveria saber conjugar abstração e cotidiano.

Em 2018, o tema foi colhido das Artes, tendo em vista, especialmente, a Mostra Queermuseu, motivo de polêmica e comoção social. Devem existir limites para a arte? foi a pergunta-tema da redação Fuvest 2018.

O candidato, obviamente, não deveria ocupar-se apenas com a Mostra; era preciso focalizar as limitações investidas contra a arte e, o principal, responder à pergunta-tema: os limites devem existir?

Entretanto, percebia-se que a banca, não sem propósito, provocou o candidato a argumentar sobre a Mostra – prova disso é que dois, dos cinco textos motivadores, referiam-se ela.

Se o candidato escrevesse apenas que, em nome da liberdade de expressão assegurada por lei, não devem existir limites para a arte, fatalmente, ele cairia no senso comum. Era preciso avançar.

Para desenvolver o tema, o candidato deveria ser hábil para ligar arte e questões sociais – até porque, o mais das vezes, a arte tem o papel-espelho da sociedade.

Confira abaixo a dissertação modelo sobre o tema: Devem existir limites para a arte?

Ó abre alas, a arte vai passar

Por Gislaine Buosi

É inegável que, antes da paleta de cores e da pedra sabão, a ousadia sempre foi  – e deve ser – instrumento ilimitado a serviço da arte e do protesto. Da Antiguidade Clássica, a Vênus de Milo; do Renascimento italiano, Davi; do Barroco, também italiano, O Êxtase de Santa Teresa; do Realismo francês, A origem do mundo; do Cubismo espanhol, Les Demoiselles d’Avignon – só para citarmos algumas obras de arte que causaram perplexidade enquanto a tinta ainda estava fresca, a massa ainda mole. O que tais obras têm em comum? Resposta óbvia: a tradução e a exploração da sexualidade reprimida por entre os panos.

Na capital gaúcha, a Mostra Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira foi cancelada por força de manifestações lideradas pelo Movimento Brasil Livre. A Mostra, apesar de acontecer em recinto fechado, foi alvo de desmedida censura, sob o pretexto de apologia à pedofilia e à zoofilia, tipos penais nada artísticos. Cabe aqui o contraponto: se o artista, como pretendem os opositores, desnudou a pedofilia e a zoofilia – cenas impudicas –, o que o poder público faz em favor das vítimas da pedofilia e da zoofilia? E o que faz em favor da mulher estuprada, do homossexual assassinado e do negro discriminado? Muito pouco, haja vista a ineficiência da Segurança Pública que grassa o país.

Outro aspecto que merece vir à tona: se a Mostra acontecesse nos Estados Unidos ou na Inglaterra, onde o público expectador tem significativa bagagem artístico-cultural, o escândalo daria espaço para a contemplação – a contemplação de corpos nus e de corpos bem vestidos, pecando ou persignando-se. Isso equivale a dizer que expectadores desavisados sentem-se agredidos com a crueza dA origem do mundo, mas não instigados com o enigma da Mona Lisa. Por amor ao debate, é preciso renovar conceitos, em especial àqueles que ainda acreditam que a arte seja apenas um vaso de flor no canto da sala.

A arte é, sem dúvida, ilimitada e excede os cadernos de leis, sobretudo a arte que se acomoda em recinto fechado, cujos portais transpõe quem assim o quiser. A exemplo do que aconteceu no Brasil, na primeira metade do século XX, propriamente na Semana de Arte Moderna, os 85 artistas que assinaram a Mostra Queermuseu sentem o gosto de dever cumprido – o dever de chocar o ideal burguês, arrimado em pilares empoeirados, o dever de jogar luz sobre o limbo do preconceito.

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