Texto I Após cumprir a sanção
pelo crime cometido, o ex-presidiário necessita ser reinserido na sociedade, a
fim de que possa trabalhar para viver dos frutos de seu próprio serviço e
sustentar a si mesmo e sua família, de modo a não voltar para o crime. Contudo,
muitos ex-detentos encontram dificuldade em se recolocar no mercado de
trabalho, motivado por preconceito e receio dos contratantes, o que dificulta sua
reinserção na sociedade. (...) Quando ainda estão cumprindo pena, os presos que
trabalham não se sujeitam ao regime da CLT, e a remuneração mínima é de 3/4 (três quartos) do salário mínimo, conforme a legislação. Isso incentiva as empresas na
contratação dentro das prisões; porém, ao saírem do sistema carcerário, os até
então encarcerados passam a ser cidadãos comuns, regidos pela CLT, e deixam de
atrair os empregadores.
O processo de
ressocialização visa reeducar pessoas privadas da liberdade para se adequarem
às condições e leis da sociedade. Nesse sentido, o detento terá condições de
reduzir sua pena e sair do presídio com habilidades que irão lhe trazer alguma
renda. No entanto, a ideia parece não sair do papel, tendo em vista que apenas
18% da população carcerária pratica alguma atividade laboral. Em entrevista ao
G1, a coordenadora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais do Rio de
Janeiro, Maíra Fernandes, explica que “a sociedade e o Estado esperam que o
preso saia e recomece a vida longe do crime, mas a ele não é dado, durante todo
o tempo em que permanece no cárcere, nenhuma perspectiva, muitas vezes, de
estudo e de trabalho”. Atualmente, a ressocialização de presidiários é vista
como um processo possível e necessário, mas ainda longe do ideal. (...) Cerca de
53% da população carcerária tem baixo grau de escolaridade (ensino fundamental incompleto),
enquanto apenas 1% apresenta diploma de graduação. Consequentemente, a falta de
práticas que estimulem a retomada aos estudos e o aprendizado de atividades
profissionalizantes acabam por dificultar essa reinserção.
“A reinserção no mercado
de trabalho é absolutamente estratégica para se reduzir a reincidência”, disse
o pesquisador da USP José Pastore. (...) Ele justificou a necessidade de se
promover a entrada de ex-condenados no mercado de trabalho pelo custo da
reincidência criminal no país. “O investimento exigido pela reincidência é
muito maior que o custo de se empregar um ex-detento, pois é preciso se levar
em conta o gasto com a polícia para prender o reincidente, com a prisão
provisória enquanto o indivíduo não é julgado, com o inquérito para se procurar
o culpado e a máquina do judiciário para se julgar, entre outros gastos”,
afirmou. Para se contornar o problema da resistência dos empregadores, Pastore
lembrou que o empreendedorismo pode ser uma solução adequada para a sociedade
brasileira. “Com o Programa do Microempreendedor Individual, do Ministério da
Previdência, o cidadão pode formalizar sua atividade de autônomo, obtendo CNPJ
próprio, cadastro na Junta Comercial e inscrição no INSS pagando uma pequena
quantia mensalmente”, ressaltou. Segundo o pesquisador, 1,3 milhão de pessoas
aderiu ao programa em um ano de funcionamento.
A presidente da República
em exercício, Cármen Lúcia, assinou decreto nesta terça-feira, 24, que institui
a Política Nacional de Trabalho no Sistema Prisional e, com isso, obriga
empresas contratadas pela administração pública a empregar presos e ex-presidiários
como parte da mão de obra. O objetivo, segundo o governo, é facilitar a
inserção deles no mercado do trabalho. O decreto será publicado no Diário
Oficial da União (DOU) e possui efeito imediato.
O Conselho Universitário
da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) aprovou a criação de mais uma
vaga por cotas destinada a pessoas em situação de privação de liberdade
(detentos), egressos do sistema prisional e para refugiados, além de atualizar
medidas e ajustes na aplicação da reserva de vagas nos fluxos dos processos
seletivos. A UFSB é a primeira universidade a criar este mecanismo no Brasil.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A
partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “Os
desafios para a capacitação e a reinserção de ex-detentos no mercado de
trabalho”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.