A tragédia do incêndio no Museu Nacional não é inédita na história do Brasil. Outros incêndios em instituições científicas já haviam causado dano ao avanço do conhecimento no país. Relembre:
Museu da Língua Portuguesa: Em 21 de dezembro de 2015, atingiu principalmente a torre do museu, instalado no prédio da Estação da Luz. Deixou uma vítima e, além de destruir parcialmente o imóvel, consumiu todo seu acervo, em sua maioria, digital.
Memorial da América Latina: Destruiu em 29 de novembro de 2013 os interiores do auditório Simón Bolívar, parte integrante do complexo do Memorial da América Latina, deixando 11 bombeiros feridos. Além do prédio, a principal obra atingida foi uma tapeçaria da artista Tomie Ohtake que recobria inteiramente uma de suas paredes.
O abandono de prédios tombados pela União, estado e municípios, ou de valor histórico, embora não reconhecido pelos órgãos de proteção, é um dos pontos nevrálgicos do patrimônio cultural. Essa triste realidade lidera a lista de investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que concluiu levantamento sobre indicadores da situação extrajudicial em 255 comarcas mineiras. Destacando que 86% das promotorias de Justiça no estado (dados de 2014) atuam na defesa do patrimônio cultural, o titular da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda, estima em 25% o percentual de procedimentos relacionados exclusivamente à degradação de igrejas, capelas, casarões, prédios públicos e outros monumentos.
Sobre o incêndio do Museu Nacional, Rio de Janeiro.
Texto IV
O incêndio que consumiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, não pode ser encarado como uma tragédia. Seria uma tragédia um foco de fogo que destruísse uma obra, e que fosse rapidamente debelado. A queima de uma instituição com 200 anos e de um acervo de 20 milhões de itens, que não contavam com estrutura adequada de prevenção a incêndios, não é um acidente, mas um empreendimento; é um projeto coletivo, pacientemente implementado ao longo do tempo por um Estado e uma sociedade que condenaram à inanição seu patrimônio histórico, natural, científico e cultural. O Brasil talvez acredite que uma instituição como essa diga respeito ao passado e não ao entendimento do presente e, portanto, à construção do futuro. Sua queima não é, consequentemente, apenas fruto das crises econômica e política que minguaram os repasses federais, mas, sim, parte de uma sistema que atua abertamente para que o país continue ignorante si mesmo e suas possibilidades.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir das ideias presentes nos textos de apoio e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema:
“A precariedade do patrimônio histórico brasileiro
e as implicações presentes e futuras.”
Instruções:
1. A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
2. Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.