Gisele Cristina Gosuen,
infectologista pelo Instituto de infectologia Emílio Ribas e responsável pelo
Ambulatório de HIV e o Envelhecer, da EPM/Unifesp (Escola Paulista de Medicina
da Universidade Federal de São Paulo), explica: "Os idosos não têm essa
cultura do uso de preservativos. A mulher, após a menopausa, não vê potencial
de engravidar, portanto, ela não usa o preservativo”. Além disso, Gosuen cita os
medicamentos que ajudam nos problemas de disfunção erétil, permitindo relações
sexuais em idades mais avançadas. "O divórcio, há muito tempo, contribuiu
para o aumento da multiplicidade de parceiros. A internet também - há mais
diversidade com maior alcance. Não só para os idosos, mas também para todos”,
diz. Essa questão esbarra em outro ponto: será que estamos testando pouco? De
acordo com os médicos, sim. Muitos profissionais de saúde ainda têm receio em
abordar a sexualidade dos idosos e, por vezes, não incluem nos exames de rotina
a sorologia para HIV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Há
uma ideia ultrapassada de que os mais velhos não transam e, por isso, a
preocupação não é necessária.
O gráfico acima mostra o crescimento dos
casos de HIV e AIDS na população idosa desde 2010, encerrando em 2017 por ser o
último ano em que foram divulgados valores de HIV e AIDS notificados pelo Sinan
no Boletim HIV AIDS de 2018, última publicação relacionada ao tema lançada pelo
Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS, 2018).
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do Ambulatório de Aids do Idoso do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e autor do livro “Sexo e Aids depois dos 50”, ignorar a sexualidade dos idosos chegou a atrapalhar a sociedade médica em diagnósticos. "Não é só um preconceito da população. Quando os casos começaram a aparecer, em 1996, a sexualidade dessa população não era nem considerada". Doenças do próprio envelhecimento acabavam escondendo o HIV. A avaliação de pneumonias entre idosos e jovens pode ser usada como um exemplo, explica o profissional. Nos mais experientes, a doença seria justificada pela saúde frágil e mudança climática. Já nos mais novos, o quadro causa estranheza e é investigado. (...) Descobrir ser portador de um vírus incurável é devastador. Entre pessoas acima de 60 anos, ainda pode provocar a ruptura de laços familiares. O infectologista Gorinchteyn explica que é comum a não aceitação dos filhos pela carga de promiscuidade que a Aids carrega. “Muitos contraíram em uma aventura fora do casamento ou durante relações bissexuais. Não é fácil imaginar que o vovô traiu a vovó”. O nível de revolta aumenta entre famílias tradicionais.
As tão estimuladas vivências de uma sexualidade saudável e de uma vida mais ativa e produtiva na terceira idade trazem consigo seus evidentes benefícios: a população idosa tem se divertido mais, viajado mais, consumido mais e também transado mais. No entanto, parte deste público ignora os cuidados básicos para práticas sexuais seguras. Têm-se percebido que o não uso de preservativos por parte desta população tem causado um aumento do número de casos de HIV entre pessoas com idade acima dos 50 anos.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A questão do aumento de casos de HIV entre pessoas da terceira idade”. Apresente, ao final, uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.