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EM - ENTREVISTA - BISNETA DE MONTEIRO LOBATO

ENTREVISTA - EM

ENTREVISTA

BISNETA DE MONTEIRO LOBATO - A OBRA DO AVÔ TEM CARÁTER RACISTA?

ID: ET6




Texto I

José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 18 de abril de 1882 – São Paulo, 4 de julho de 1948) foi um dos mais influentes escritores brasileiros de todos os tempos. Tornou-se conhecido pelo conjunto educativo de seus livros infantis, que constitui, aproximadamente, a metade da sua produção literária. A outra metade constitui-se de contos, artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, livros sobre a importância do ferro (Ferro, 1931) e do petróleo (O Escândalo do Petróleo, 1936). Sem dúvida, o primeiro autor brasileiro de literatura infantil de qualidade, consagrado pela obra O Sítio do Pica-pau Amarelo.

Disponível em: http://flocomc.com.br/forum/index.php?threads/monteiro-lobato.568/, com adaptações. Acesso em 11.nov.2022.



Texto II

Monteiro Lobato foi o primeiro a escrever para crianças. Lobato seguia uma linha didática inteligente, e por meio de fabulações, educava e incentivava nas crianças o gosto pela leitura, além de transmitir mensagens positivas através de suas histórias. (...) Sítio do Pica-pau Amarelo e seus personagens: A série de histórias do sítio começou com a publicação de “Narizinho Arrebitado”. Imagine um sítio, com horta, pomar, riacho, uma casa enorme, com fogão à lenha e uma pessoa especialista em fazer quitutes deliciosos, tia Nastácia, além de outros personagens que movimentam todo esse cenário – esse era (e, em partes, ainda é) o Sítio do Pica-pau Amarelo, cheio de histórias que aguçam a imaginação.

Disponível em: http://www.smartkids.com.br/trabalho/sitio-do-pica-pau-amarelo. Adaptado para fins didáticos. Acesso em 11.nov.2022.



Texto III

Nos últimos anos, o escritor Monteiro Lobato, criador do clássico infantil brasileiro “O Sítio do Pica-pau Amarelo”, passou a ter a carreira e a obra contestadas. O primeiro motivo foi a percepção de que o conteúdo da obra tinha conotação racista. Um dos exemplos concretos de situação de racismo está na representação de Tia Nastácia. Além de expressões preconceituosas destinadas a ela, a personagem foi a única que não passou por nenhuma mudança visual desde o lançamento da primeira história em que aparece, “A menina do narizinho arrebitado”, obra que, em 2020, completou 100 anos. A bisneta do autor, Cleo Monteiro Lobato, encontrou um jeito de reparar as citações racistas de Lobato ao reeditar a obra com adaptações que condizem com o contexto atual. Dessa forma, fez a supressão de termos racistas, como “negra beiçuda”, usados para denominar Tia Nastácia na nova coleção de “Reinações de Narizinho”. “O que eu fiz foi pegar a personagem Tia Nastácia, que era tratada com a normalidade dos anos 1920 — o que não é normal nem aceitável em 2020 — e a chamei pelo nome”, conta. Apesar disso, ela faz questão de ressaltar que o bisavô não era racista. “Resolvo essa polêmica com cinco palavras: Monteiro Lobato não era racista. Sei disso pela vivência familiar. Minha avó foi a filha que mais conviveu com Lobato”, afirma. Ela cita, por exemplo, o trabalho do escritor de ensinar presos em Campos de Jordão, interior de São Paulo, a ler. Para ela, o que fica evidenciado na obra “é o racismo estrutural da sociedade brasileira”. O historiador mineiro Juvenal Lima Gomes vê com bons olhos a reedição feita por Cleo Monteiro Lobato. “É preciso entender esse autor em seu contexto. Discutir esse contexto é tão importante quanto se deliciar com a trama. Esse exercício de questionar é o que a Cleo faz. Ela chama a atenção para esses elementos, que, para muitas pessoas, passa despercebido. Essa é a função da arte, provocar a mudança de pensamento em relação a algo que está posto”, defende. Gomes acredita que é preciso olhar o conteúdo de Monteiro Lobato sob a perspectiva da época em que foi escrito e lançado. “Esse é um tema muito caro para nós, negros, porque deixou marcas na sociedade. As pessoas falam ‘agora tudo virou racismo’. Não – as pessoas é que passaram a ter mais consciência e sensibilidade sobre um tema que sempre as machucou”, completa.

https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2020/12/4895827-bisneta-de-monteiro-lobato-adapta-os-classicos-da-literatura-ao-contexto-atual.html. Adaptado para fins didáticos. Acesso em 11.nov.2022.



Texto IV

A própria condição de inferioridade de Nastácia em relação aos outros personagens, já apontada algumas vezes, pode muito bem ser lida como manifestação racista. Em “Reinações de Narizinho”, é a neta de Dona Benta quem profere uma fala bastante reveladora do modo como Lobato vê o negro. Pouco antes do espetáculo do circo de escavalinho, Tia Nastácia (que estava com vergonha de aparecer diante do público justamente por causa de sua cor) é introduzida da seguinte forma: […] Também apresento a Princesa Anastácia. Não reparem ser preta. É preta só por fora, e não de nascença. Foi uma fada que um dia a pretejou, condenando-a a ficar assim até que encontre um certo anel na barriga de um certo peixe. Então o encanto se quebrará e ela virará uma linda princesa loura.

MIGUEL, Adilson. Disponível em: https://emilia.org.br/lobato-e-o-racismo/. Acesso em 11.nov.2022.



PROPOSTA DE REDAÇÃO: Você foi convidado a entrevistar, imaginariamente, Cleo Monteiro Lobato, a bisneta de Monteiro Lobato. Lidos os textos de apoio, passe, então, a “entrevistá-la”. O tema central da entrevista deverá ser o fato de Cleo ter permitido a reedição da obra do avô, com ajustes vocabulares. Por que a bisneta de Lobato resolveu tomar essa atitude?


Componha de seis a oito perguntas e respectivas respostas. Para isso, leia e grife dos textos fragmentos importantes sobre a vida e a obra do autor – eles serão, depois de ajustados, as “respostas” às perguntas que você fará. Imagine ainda que a entrevista será publicada numa revista de grande circulação. Crie falas/situações que forem necessárias à coerência da entrevista.

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