EFAF - POEMA - FIM DE TARDE, UM CASAL DE VELHOS NA VARANDA
POEMA - EF ANOS FINAIS
FIM DE TARDE, UM CASAL DE VELHOS NA VARANDA
POEMA
ID: F66
Você já sabe, mas não custa lembrar...
Jornalistas, historiadores, chargistas, escritores, poetas, muitas vezes, utilizam-se dos mesmos fatos sociais para a produção de textos. Miguel de Cervantes, escritor espanhol, nos ensina que “Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar as coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido, mas como, realmente, foram – sem acrescentar nem subtrair da verdade o que quer que seja”.
Textos literários e Textos utilitários
Quem faz literatura não tem compromisso nem com a verdade nem com a objetividade daquilo que escreve. Esse compromisso é, em especial, dos jornalistas, responsáveis por transmitir, legítima e objetivamente, os fatos, por meio das notícias, que são chamadas textos utilitários (ou não literários). Os textos utilitários cumprem a “função referencial da linguagem”.
Poetas e escritores, os quais desenvolvem textos literários, têm a missão de arranjar a mensagem, a fim de que o leitor sinta prazer na leitura. É isso o que chamamos “função poética da linguagem”.
As figuras de linguagem são ferramentas dos poetas
As figuras de linguagem são recursos que valorizam, que enfeitam a produção textual – elas são frequentemente exploradas ao longo dos textos literários. Metáfora, comparação, personificação e sinestesia são as figuras de linguagem mais usuais. Busque na Gramática definição e exemplos de cada uma dessas figuras de linguagem.
Observe as sentenças abaixo, as quais têm a mesma informação:
1. O pato morreu.
A informação é objetiva, sem enfeites; é um texto utilitário; cumpre a função referencial da linguagem.
2. A ave, agonizando, deu o último suspiro.
A informação é valorizada pelo emprego de figuras de linguagem; é um texto literário; cumpre a função poética da linguagem. (Perceba que a mensagem, tocada a sentimento, é mais importante do que a informação.)
Como escrever um poema? É só rimar “coração” com “emoção”...
Muitos acreditam que, para escrever um poema, é preciso compor estrofes (agrupamento de versos), saber rimar (repetição de sons iguais ou parecidos ao final dos versos) e metrificar (compor, em cada verso, o mesmo número de sílabas poéticas). Será?
É possível escrever um poema em prosa, agrupando versos (um verso é uma linha do poema), formando as estrofes, sem a obrigação de rimar nem metrificar. O poema em prosa é solto (ou livre). Qualquer poema pode ser escrito a partir de sentimentos (amor, angústia, medo, prazer etc.), objetos físicos (guarda-chuva, violão, gato etc.), abstrações (sombra, eco, vazio etc.) ou fatos sociais (guerra, meio ambiente, desigualdade etc.). Os poemas, frequentemente, levam título.
CONTEXTUALIZAÇÃO: Segundo Stella Maris
Rezende, escritora mineira de Dores do Indaiá, um escritor “tem que admirar as
coisas aparentemente sem importância nenhuma. Um caco de pires, Por exemplo,
pode abrir um assunto, quebrar o gelo e puxar uma ladainha, saudade de avós,
lamparinas e escapulários, procissões, cachecóis de lã...”.
Isso
quer dizer que um fim de tarde e um casal de velhos na varanda, podem render
um poema?!
COMANDO: A partir das sugestões
contidas na contextualização acima, escreva um poema de 15 a 20 versos (rimados/metrificados
ou não). Atribua um título ao poema.
Para "puxar ideias", mergulhe na proposta e
imagine, por exemplo, a voz rouca do velhinho, o bigode branco, a camisa de colarinho, as mãos
trêmulas da velhinha, a cicatriz do joelho, os cabelos trançados, o ranger da
cadeira de balanço...