Segundo levantamento da Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Escola de Estudos Agrários da USP
(Esalq), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio no Brasil cresceu 3,81%
no ano de 2019. Diferente do PIB agropecuário divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que avalia somente o que é
produzido dentro da fazenda, o levantamento do CNA conta o agronegócio como um
todo, incluindo as agroindústrias (como frigoríficos) e o setor de serviços
(como transporte de mercadoria). Segundo o instituto, o setor representa 21,4%
do PIB total do país. Em nota, o CNA afirma que: “É uma alta importante após
dois anos sucessivos de resultados pouco favoráveis ao setor, que vinha
sofrendo com preços relativos cada vez menores”.
“O Brasil é pioneiro no agronegócio, mas precisa
melhorar o uso do solo”, diz Nobel de Química
O Brasil tem vantagens por fazer parte de um polo
tropical da agricultura, e pode contribuir com a produção mundial de alimentos,
mas existem desafios como pensar na construção de uma agricultura sustentável,
que garanta a preservação do ecossistema rico que o país tem. Essa visão nunca
pode ser deixada de lado. O Brasil precisa cuidar muito dos seus recursos. O
seu agronegócio tem uma dinâmica diferente de outros países, que precisa ser
abordada com o objetivo de gerar soluções. Entre as vantagens do agro
brasileiro, destaco: ser pioneiro na utilização de compostos biológicos, por
exemplo, no controle de pestes de cana-de-açúcar. (...) Mas é urgente melhorar o uso do solo, reduzindo o uso de pesticidas e
de fertilizantes.
O atual modelo econômico, baseado
no agronegócio e no capital financeiro, quer transformar os alimentos, as
sementes e todos os recursos naturais em mercadoria para atender os interesses,
o lucro e a ganância das grandes empresas transnacionais. Para isso, esses
grupos econômicos se apropriam de terra, águas, minerais e biodiversidade,
privatizando o que é de todos. Além disso, desmatam as florestas e deterioram
os solos com a monocultura. Também aumentam a exploração dos trabalhadores,
precarizam, retiram e desrespeitam os direitos trabalhistas, causam desemprego,
pobreza e violência. Dessa forma, o agronegócio promove a concentração da
riqueza nas mãos dos mais ricos, especialmente banqueiros e empresas
transnacionais, enquanto aumenta a desigualdade e a pobreza da população. É
necessário combater urgentemente essa lógica opressora e destrutiva.
É comum
ver nos discursos de empresários e políticos o pensamento ufanista sobre as
maravilhas de nosso agronegócio, dizendo que a produção brasileira
"alimenta o mundo" e que nosso gado é "verde". (...) Os
estrangeiros já sabem: nossa exploração agrícola, soja à frente, já destruiu 4
de cada 10 hectares de cerrado. Nesse ritmo, esse ecossistema estará extinto em
20 anos. Não é à toa, visto que o nosso gado tem a pior produtividade do mundo:
uma vaca ocupa, para engordar, um hectare de terra, cada vez mais
frequentemente roubado à Amazônia. Com os mesmos metros quadrados, um
agricultor europeu produz alimentos nobres e caros, para alimentar e enriquecer
seres humanos. Enquanto isso, nossa soja alimenta porcos na China.
Leão Serva. Folha de S. Paulo. 24 nov. 2014.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O avanço do agronegócio no Brasil e os impactos na economia e no meio ambiente”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.