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UFMS - PSV 2021 - DISSERTAÇÃO - INTOLERÂNCIA

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL

INTOLERÂNCIA


DISSERTAÇÃO – PSV-UFMS 2021


ID: I95

 

 


Associados por uma mesma configuração temática, os fragmentos textuais que seguem visam a fornecer subsídios para o encaminhamento da redação a ser desenvolvida pelo candidato. Leia-os com atenção.

 

A desqualificação do modo de falar do outro pode relacionar-se a diferentes instâncias da manifestação linguística, especialmente à fonética, à morfossintaxe e ao léxico. Na explicitação do preconceito, dá-se particular evidência a infrações de preceitos gramaticais – muitas vezes só pertinentes em abordagens da língua escrita – e, com base nelas, estigmatizamse os outros por não saberem falar a língua. Em suma, “confunde-se gramática normativa com língua”. (SCHERRE, 2005, p. 42). Seja qual for a razão propriamente linguística ou gramatical para justificar o preconceito, ele comumente só serve de pretexto para sustentar e reforçar a discriminação social, cultural e econômica.

 

(José Gaston Hilgert. A intolerância linguística no sul do Brasil durante o Estado Novo)

 

 

Intolerância é a certeza de estar de posse de uma verdade absoluta, que se procura impor por anuência ou repressão. Desse ponto de vista, a Intolerância caracterizou toda a história europeia religiosa e laica. Com suspeita e Intolerância sempre agiu na Europa a razão do Estado – religiosa, política e social – para obter anuência ou para eliminar a oposição; desse modo a história do poder sempre justificou e justifica a violência legal, opondo-a à ilegal. (...) As recentes ondas migratórias, a crescente difusão no mundo islâmico de concepções cada vez mais integralistas e teocráticas, o renascimento dos vários particularismos políticos, as guerras de religião ressurgidas dos fantasmas do passado, os racismos e as xenofobias que se insinuam por toda a Europa e pelo mundo, voltam a propor, ainda hoje, também de um ponto de vista filosófico, a perene atualidade do problema da Intolerância.

 

(Nicola Abbagnano. Dicionário de Filosofia)

 

 

Ofende, porque desobedece a seus pais; ofende, porque agasalha no seio uma paixão reprovada por toda a sociedade e principalmente por sua família; e ofende, porque, com semelhante união, condenará seus futuros filhos a um destino ignóbil e acabrunhado de misérias! Ana Rosa, esse Raimundo tem a alma tão negra como o sangue! Além de mulato, é um homem mau, sem religião, sem temor de Deus! É um – pedreiro livre! – é um ateu! Desgraçada daquela que se unir a semelhante monstro!... o inferno aí está, que o prova! O inferno aí está carregado dessas infelizes que não tiveram, coitadas! um bom amigo que as aconselhasse, como te estou eu aconselhando neste momento!... vê bem! Repara, minha afilhada, tens o abismo a teus pés! Mede, ao menos, o precipício te ameaça!... A mim, como pastor e como padrinho, compete defender-te! Não cairás, porque eu não deixo!

 

(Aluísio Azevedo. O mulato)

 

 

No mundo contemporâneo, a intolerância, como manifestação individual ou coletiva, dá-se por diferentes meios e alcançando as mais distintas características das pessoas, configurando-se quase sempre como uma espécie de poder que visa à opressão do outro, porque entendido como o diferente que, de algum modo, nos coloca em risco. Nesse sentido, reconhecer os modos pelos quais a intolerância se manifesta e, a partir disso, combatê-la com ações mais adequadas e efetivas é uma das grandes tarefas civilizatórias do nosso tempo.

 

PROPOSTA DE REDAÇÃO: Refletindo a esse respeito, e considerando, como ponto de partida, os elementos trazidos pelos fragmentos textuais reproduzidos, elabore um texto dissertativo-argumentativo, atendendo às orientações dispostas no edital do Processo Vestibular, no qual se discutam possíveis razões para manifestações de intolerância, suas

características e algumas de suas consequências para a sociedade como um todo.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: Serão considerados os seguintes aspectos: 1) estrutura e desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo; 2) organização e progressão textual; 3) adequação temática; 4) aspectos de coesão e coerência do texto e 5) emprego da norma padrão da língua portuguesa.

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