Você sabia que a lembrança de avós,
tios, primos, sejam eles simpáticos ou implicantes, podem render histórias
maravilhosas?
Há muitas cenas da nossa vida que
merecem ficar registradas, para que não se percam. Mas não é preciso ser tão
fiel às cenas! Para recompor as cenas, vale enfeitar, inventar, colorir,
descolorir... E tudo isso, bem escrito, passa a se chamar MEMÓRIAS LITERÁRIAS.
LEIA UMA CENA ENCONTRADA NAS MEMÓRIAS LITERÁRIAS DE GISLAINE BUOSI:
Sentada aqui, em minha cadeira de palhinha, lembro-me de
quando, numa tarde fria de junho, meu avô Antenor me disse que ele tinha dois
corações. Fiz uma careta, não sei ao certo se de espanto, medo ou felicidade –
meu avô não morreria de uma vez. Então cheguei meu ouvido ao peito dele, e ouvi
o Tum-tum, um forte, outro fraco. Acreditei na história dos dois corações,
muito embora eu ainda quisesse fazer-lhe umas perguntas... Feliz por ter-me
enganado, ele me deu um presente: um relógio de caneta em torno do pulso, dois
ponteiros imóveis, o 1 maior do que os demais algarismos, o 12 espremido para
caber no círculo vermelho. O tempo só passava no relógio de corda no alto da
sala, minhas horas não batiam, um relógio sem pulso. Meu avô me deu um relógio
de mentirinha, de faz-de-conta; em compensação, eu também só fazia de conta que
sabia ler as horas.
A tempo: Valentim, meu neto, chegou de Minas. Eu disse a
ele que tenho dois corações. Tum-tum.
PRODUÇÃO DE TEXTO: Agora é a sua vez!
Procure lembrar de alguma cena de sua infância em que você tenha feito uma boa
travessura! Vamos registrá-la?