Alunos, professores e gestores do Ensino Fundamental, bem-vindos a mais uma temporada de episódios do Podcast Redigir Fundamental, uma ferramenta infalível para aprimorar as redações! Preparem-se para uma verdadeira revolução – a professora Gislaine Buosi, semanalmente, grava episódios que, além de muito criativos, atendem perfeitamente a demandas cada vez mais exigentes. Por aqui, há técnica e sensibilidade a toda prova!
Conheçam propostas dos mais variados gêneros redacionais, como Resenhas, Editoriais, Crônicas, Artigos de Opinião e Fábulas, cuja coletânea de apoio é não só bem selecionada, como também atualizada. São atividades que despertam a curiosidade dos estudantes, incentivando-os a explorar temas contemporâneos e talvez até – quem sabe? – se descobrirem escritores de ficção!
Sem dúvida, o Podcast Redigir Fundamental é o grande aliado das aulas de redação! Juntem-se a nós, na linha de frente da Educação com a Plataforma Adaptativa Redigir.
Confiram o episódio!
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A novela nem havia terminado, quando a fila de amigos chegou, boa noite!, boa noite!, um perfume barato no ar. O primeiro convidado sugeriu mudar o canal da TV, melhor ver o jornal do que a novela!; o segundo, elogiou as folhagens do jardim; o terceiro falou do cheiro de alho frito que se sentia lá da esquina…
Olá! Que bom nos encontrarmos aqui mais uma vez! Seja muito bem-vindo ao Podcast Redigir Fundamental! Eu sou Gislaine Buosi, escritora e professora de Redação e Literatura.
Hoje faço algumas considerações a respeito de contos de humor. No final, há uma proposta de redação e um conto modelo. Você vai adorá-los!
Se esse assunto interessa a você, fique comigo do começo ao fim do episódio!
Antes de falarmos sobre isso, deixo aqui uma informação: você sabia que a primeira enciclopédia surgiu no século 18.
Antes disso, não havia escritores, Gislaine?
Opa! Meu aluno imaginário chegou cedo! Havia, claro que havia. E escritores dos bons! Mas… olha só: uma enciclopédia não reúne contos, romances.
Ah, é verdade! Na casa do meu avô tem a Barsa. Meu pai diz que fazia pesquisas na Barsa.
É isso mesmo. Diderot e d’Alambert, ambos franceses, foram os pioneiros! Eles organizaram os escritos, os achados de cientistas, não só daquela época, como também de estudiosos muito antigos, e então publicaram a enciclopédia, para que nada do que já se tivesse descoberto fosse perdido.
Uma pena não haver contos de humor nas enciclopédias!
Ora! Para isso há as bibliotecas, certo?
Certo!
Então prossigamos! Para escrevermos um conto, é preciso, de início, pensarmos num enredo, quer dizer, numa história.
A partir do enredo, criamos os demais elementos do conto: personagens, tempo e espaço. Veja bem: as personagens, em determinado tempo e espaço, vão contracenar… viverão o enredo. Ah… É preciso também criarmos um narrador, para nos contar a história.
Em seguida, vamos pensar na organização do texto – começo, meio e fim. Quando falamos em organização, nos referimos à estrutura do conto. Assim:
. no primeiro parágrafo, deve haver a situação inicial, com a apresentação das personagens, do tempo e do espaço.
. nos parágrafos intermediários (2 ou 3), há os complicadores – explico: a partir de uma ocorrência, essas personagens vão agir, interagir, e essa ocorrência, as levará à outra, que, por sua vez, as levará à outra; depois dessa série de ocorrências, há o clímax, que é o instante de maior suspense dentro do conto.
. no último parágrafo, obviamente, há o desfecho, ou seja, o final da história.
Depois de o conto acabado, o leitor deverá encontrar respostas para: o que aconteceu?, com quem aconteceu?, como?, quando?, onde?, por quê?, e então…
Professora, o que é, exatamente, um conto de humor?
É fácil entender… Nos contos de amor, há o envolvimento afetivo das personagens; nos contos de aventura, há descobertas, missões impossíveis; nos contos de terror, o escritor investe no desconhecido, ou, mais precisamente, no medo, no pavor pelo desconhecido. Nos contos de humor, há, em especial, situações engraçadas.
Ah tá! Vale escrever uma piada?
Alto lá! Bom humor e piada não são a mesma coisa. Deixemos as piadas para os nossos bate-papos. Nos textos de humor, investimos, por exemplo, em personagens caricaturais, que fazem coisas disparatadas, inesperadas, engraçadas, enfim. Nas produções de textos escolares, o humor há de ser leve e refinado!
Ok. Então vou escrever sobre uma coisa que aconteceu lá em casa, e que fez todo mundo quase morrer de tanto gargalhar…
Estamos avançando… É possível, sim, trazermos para dentro dos textos coisas, fatos pessoais. Mas… como eu acabei de dizer, o conto de humor escolar deve privilegiar a leveza, o gracejo e não, necessariamente, a gargalhada – até porque o universo da linguagem escrita, se comparado com o universo da fala, é limitado. Nem tudo o que conseguimos falar, provocar, conseguimos escrever. Entende?
Entendo, mais ou menos. Você disse, Gislaine, que nos contos de humor deve ter personagens caricaturais… Como assim? Só conheço caricatura de desenho.
Pois bem. Sabe qual é a estratégia de um caricaturista? É esta: ele é um bom observador – antes mesmo de começar a desenhar, ele observa, por exemplo, o rosto a ser caricaturado: nariz, olhos, boca, bochecha, topete, risada; depois observa o corpo, os trejeitos – a pessoa é alta, baixa, feia, brava, lerda, tímida?… anda depressa, devagar?… usa óculos, bengala, chapéu, guarda-chuva?… usa roupas justas demais, jeans rasgados…?
Tudo minuciosamente observado, o próximo passo é escolher um detalhe que, naturalmente, já se destaque e… pronto! Se a pessoa tem nariz grande, o caricaturista vai desenhar um nariz enorme; um nariz, talvez, maior do que o rosto; se tem boca pequena, ele vai desenhar uma boca minúscula, quase invisível…
Essa mesma técnica pode ser utilizada para compor caricaturas escritas. Perceba, então, que os segmentos descritivos são essenciais para a construção das personagens caricaturais. Substantivos seguidos de adjetivos são muito utilizados para descreverem personagens brutamontes, ridículas, engraçadas…
Gislaine, personagens caricaturais podem ser bem azaradas, né? E daí podem fazer coisas meio atrapalhadas…
Exatamente!
Mas, como você disse, tudo bem de leve, né?
Tudo bem de leve. Há um escritor argentino, Julio Cortázar, que diz algo mais ou menos assim: a narrativa deve se desprender do autor, como uma bolha de sabão se desprende da ponta do canudinho.
Ah… Legal, Gislaine!
Também acho legal. Mas… legal, mesmo, é a nossa proposta de redação. Vamos conhecê-la?
A CONTEXTUALIZAÇÃO é esta: A obra “Operários”, da artista plástica Tarsila do Amaral, é a base para essa atividade. Há ali retratada uma equipe de operários, talvez, no final do expediente de trabalho. Então vamos reparar em cada rosto – não há expressão de riso e, ao que parece, todos estão cansados. Imagine que você seja uma das personagens ali retratada, e resolva convidar seus colegas de serviço para jantarem em sua casa. Imagine, ainda, que, enquanto você esteja preparando o jantar, acabe a energia elétrica. Imagine mais coisas…
COMANDO: A partir do contexto, escreva CONTO DE HUMOR.
Mãos à obra!
Você quer conhecer meu conto de humor? Aqui está!
Gulodices
Por Gislaine Buosi
O dia tinha sido difícil. As máquinas a todo o vapor, as cotas de trabalho foram rigorosamente cumpridas. Carlito, o encarregado da produção, na saída, enquanto os operários se despediam, fez um convite a todos eles:
— Espero vocês pra jantar!
Entusiasmados, cada qual apertou o passo. Um banho rápido, e todos se encontrariam na casa do Carlito.
Entretanto, um deles, o Bigode, alegando qualquer outro compromisso, desculpou-se, agradeceu o convite, e disse que não iria ao jantar.
A novela nem havia terminado, quando a fila de amigos chegou, boa noite, boa noite, um perfume barato no ar. O primeiro convidado sugeriu mudar o canal da TV, melhor ver o jornal do que a novela!; o segundo, elogiou as folhagens do jardim; o terceiro falou do cheiro de alho frito que se sentia lá da esquina…
As panelas permaneceram em cima do fogão, destampadas, fumacentas. A toalha de plástico foi estendida na mesa, cadeiras e tamboretes não foram suficientes – mas nem por isso se incomodaram! Todos falavam ao mesmo tempo, a coxa de frango está no ponto, dá aí outro copo de refresco, o caldo grosso do feijão tá uma delícia etc., etc.
O telejornal divulgava a enchente aqui e a seca ali, a queda e a alta da bolsa de valores – até que a energia acabou. Ouviu-se um grito único, demorado, e, estranhamente, um arrastar de cadeiras.
É preciso dizer que, depois do grito, ouvia-se apenas um sussurro.
A essa altura, Carlito, com o farolete a pilha na mão, já estava trocando um, dois, três fusíveis da caixa de iluminação, e, de repente, a luz voltou.
O que acontecia enquanto Carlito trocava os fusíveis ninguém viu – viram depois: a mesa desocupada, as cadeiras e os tamboretes espalhados, as panelas vazias e os pratos cheios; os sorrisos amarelos em volta do fogão.
A tempo: o Bigode estava no meio da algazarra – chegou no escuro, trazendo consigo a mãe, a esposa, os três garotinhos e o cachorro.
A fome era muita. As panelas, grandes. A gulodice, maior!
E então? Gostou do meu conto de humor? Também quero conhecer o seu, ok? E que tal escrevê-lo agora (clique aqui)? Vamos lá! Escrever é pra lá de bom demais!
Antes de postar sua redação, releia o que escreveu, faça a autocrítica e a autocorreção: confira se seu texto está fácil de ser entendido; se as frases e os parágrafos estão bem ligados entre si; se as ideias obedecem a uma sequência cronológica e não se embaralham; se não há repetições nem sobra de palavras; se a ortografia, as regras de acentuação gráfica, a pontuação e os plurais estão corretos.
Tudo ok? Se ainda não… Não tenha preguiça de escrever e de reescrever o texto – o segundo é sempre melhor do que o primeiro; o terceiro, muito, mas muito melhor do que o segundo…
Depois de tudo isso, poste sua redação e, assim que ela chegar corrigida no seu aplicativo, frequente o percurso de aprendizagem da Plataforma Redigir – lá você encontra tópicos de gramática e listas de exercícios para aprimorar a linguagem escrita.
Essa redação que você acabou de ouvir também está disponível no site.
Antes de nos despedirmos, deixo aqui um convite: assine o Podcast da Plataforma Redigir no seu tocador de preferência.
Um abraço e até o próximo episódio!
Confira aqui o episódio anterior.
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