Há algum tempo, tornou-se frequente a desconstrução (ou atualização) de determinados
provérbios, mesmo daqueles que têm aparência de verdade eterna. A ruptura das
velhas máximas, para Adélia Meneses Bolle (in Literatura Comentada – Chico
Buarque de Holanda. São Paulo: Abril Educação – 1980), “significa uma ação
estimuladora e libertadora, um contra-amortecimento, uma sacudidela, um refutar
de todo hábito enquanto tal, seja ele hábito orgânico e mental”.
A autora dedica-se, especialmente, ao comentário, na obra citada, à letra
da canção “Bom Conselho”, do também citado compositor, transcrita a seguir:
Ouça um bom
conselho
Que lhe dou
de graça
Inútil dormir
que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se
cansa
Está provado
Quem espera
nunca alcança
Ouça, meu
amigo
Deixe esse
regaço
Brinque com o
meu fogo
Venha se
queimar
Faça como eu
faço
Aja duas
vezes antes de pensar
Corro atrás
do tempo
Vim de não
sei onde
Devagar é que
Não se vai
longe
Eu semeio o
vento
Na minha
cidade
Vou pra rua e
bebo a tempestade.
Esta ruptura também se tornou recurso de humor, como se nota nas
seguintes ocorrências, que podem ser encontradas até mesmo em para-choques de
caminhão:
Os últimos serão desclassificados.
Quem tem boca vai ao dentista.
Um é pouco, dois é bom, três é
sexo grupal.
De grão em grão a galinha vai pro
papo.
Quem empresta aos pobres dá adeus.
Depois da tempestade vem a lama.
COMANDO: Após a leitura dos textos acima, escreva uma dissertação
argumentativa a partir da atualização do seguinte
ditado: Quem espera nunca alcança.
OBSERVAÇÕES:
. Utilize a divisão clássica: introdução (proposta da tese), argumentação
(desenvolvimento da tese) e conclusão (após a retomada da tese).
. Não empregue a primeira pessoa do singular.
. Faça, no mínimo, quatro parágrafos simétricos.
. Não ultrapasse o espaço destinado à redação (30 linhas).