A PRESSA NOSSA DE CADA DIA: O TEMPO NA CONTEMPORANEIDADE
DISSERTAÇÃO
ID: EL4
INSTRUÇÕES: • O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. • O texto definitivo deve ser escrito a tinta, na folha própria, em até 30 linhas. • A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: • tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”. • fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. • apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos. • apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
Não há nada que diferencie tanto a sociedade ocidental de nossos dias das sociedades mais antigas da Europa e do Oriente do que o conceito de tempo. Tanto para os antigos gregos e chineses quanto para os nômades árabes ou para o peão mexicano de hoje, o tempo é representado pelos processos cíclicos da natureza, pela sucessão dos dias e das noites, pela passagem das estações. Os nômades e os fazendeiros costumavam medir e ainda hoje o fazem seu dia do amanhecer até o crepúsculo e os anos em termos de tempo de plantar e de colher, das folhas que caem e do gelo derretendo nos lagos e rios. O homem do campo trabalhava em harmonia com os elementos, como um artesão, durante tanto tempo quanto julga se necessário. O homem ocidental civilizado, entretanto, vive num mundo que gira de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos das horas marcadas pelo relógio. É ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o tempo, transformando o de um processo natural em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um sabonete ou um punhado de passas de uvas. Se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores. O relógio representa um elemento de ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra máquina.
O homem que não conseguir ajustar-se deve enfrentar a desaprovação da sociedade e a ruína econômica a menos que abandone tudo, passando a ser um dissidente para o qual o tempo deixa de ser importante. O operário transforma se em um especialista em “olhar o relógio”, preocupado apenas em saber quando poderá escapar para gozar as escassas e monótonas formas de lazer que a sociedade industrial lhe proporciona; para “matar o tempo”, programará tantas atividades mecânicas com tempo marcado como ir ao cinema, ouvir rádio e ler jornais quanto permitir o seu salário e o seu cansaço. Agora são os movimentos do relógio que vão determinar o ritmo da vida do ser humano.
George Woodcock. A ditadura do relógio. In: Os grandes escritos anarquistas. Porto Alegre: L&PM Editores (com adaptações).
Vive, dizes, no presente, Vive só no presente. Mas eu não quero o presente, quero a realidade; Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede. O que é o presente? É uma cousa relativa ao passado e ao futuro. É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero só a realidade, as cousas sem presente. Não quero incluir o tempo no meu esquema. Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas. Não quero separá-las de si próprias, tratando as por presentes.
(...)
Alberto Caeiro. In: Poemas Inconjuntos. Internet: <www.dominiopublico.gov.br>.
Foto: Maurício Ricardo Chiminazzo
Norbert Elias afirma que são necessários vários anos para aprender o que o tempo realmente é. Crianças levam nove anos para aprender a compreender os complicados mecanismos de representação do tempo, os relógios. Para o autor, é interessante, ainda, como, uma vez que o processo termina, as pessoas tendem a esquecer se de como foi complexo entender o mecanismo do “tempo”.
In: Kant e Prints. Campinas, Série 2, v. 4, n. 1, p.109 119, jan. jun./2009 (traduzido e adaptado).
Ilustração: Elena Ferrándiz
PROPOSTA DE REDAÇÃO: Considerando-se que os textos e as imagens apresentados têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua, um texto expositivo-argumentativo sobre o seguinte tema: A pressa nossa de cada dia - o tempo na contemporaneidade.