UFU - 2017 - CARTA ARGUMENTATIVA SOBRE MEDICALIZAÇÃO DA VIDA
CARTA ARGUMENTATIVA - EM
UFU – PROPOSTA DE REDAÇÃO 2015 – CARTA ARGUMENTATIVA
ORIENTAÇÃO GERAL
Leia com atenção todas as instruções.
a) Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que
você pretende abordar. Escreva o título no lugar apropriado na folha de prova.
b) Se a estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura: JOSÉ ou JOSEFA.
c) Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido etc. na folha de prova.
d) Não copie trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.
Leia com atenção o texto a seguir.
Medicina científica X medicalização da vida
Pessoas saudáveis são pacientes que ainda não sabem que estão doentes, considera o doutor Knock na peça de
Jules Romains, em que o personagem convence a todos os habitantes de uma cidade de que estão doentes. A
comédia, de 1923, antecipa, de certo modo, uma das características de nosso tempo, a medicalização progressiva de
todos os aspectos da vida.
Vivemos um momento privilegiado da história, quando a medicina atingiu um nível incomparável de conhecimentos e
recursos tecnológicos. Com criatividade, a ciência conquistou terreno apropriando-se até mesmo de áreas de vida
durante séculos fora do alcance de qualquer intervenção que não a religiosa – como as doenças psiquiátricas.
Medicalizar consiste em “passar a definir e tratar algo como problema médico”, ou seja, direcionar
conhecimentos e recursos técnicos da medicina para tratar algo que antes não era abrangido por essa área. É natural
que, à medida que a ciência avança, novas patologias sejam detectadas, como a depressão ou o autismo, e outras,
reinterpretadas e descartadas, caso da histeria e da homossexualidade. Avanços tecnológicos permitem não só
diagnosticar melhor, mas diagnosticar mais, mesmo condições que não coloquem a vida em risco ou comprometam
sua qualidade. O problema está precisamente na facilidade com que novas doenças podem ser “criadas”, quando
situações antes tidas como normais acabam patologizadas. Algumas de formas justificadas, outras, não.
Claro que há “boas” e “más” formas de medicalização. Entre os casos positivos, pode-se citar a introdução da
pílula anticoncepcional, que permitiu uma revolução sexual. Um exemplo negativo foi a demonização do mau hálito
no começo do século XX, ao ser rebatizado como... halitose. Em virtude disso, uma notável campanha publicitária
estimulou a venda de uma nova “necessidade”, o antisséptico bucal. Hoje a lista de “doenças” questionáveis não para
de crescer: de características pessoais estigmatizáveis como “calvície”, “síndrome das pernas inquietas”, “timidez”,
sem falar nas características estéticas, situações de vida (“tristeza”, “luto”) e mesmo consequências do
envelhecimento.
Parece, portanto, que estamos vivendo o apogeu da “má” medicalização – a chamada “mercantilização das
doenças”, como provam os absurdos níveis de consumo de fármacos como a ritalina (especialmente entre escolares,
muitos sobrediagnosticados com TDAH) e antidepressivos. Remédio é chiclete.
QUILLFELDT, Jorge. Medicina científica X medicalização da vida. Revista Scient American Brasil, ano 13, nº
155. (Texto adaptado)
Com base nas ideias apresentadas no texto, redija uma CARTA ARGUMENTATIVA para o Ministro da Saúde,
criticando a “criação” de novas doenças e/ou a medicalização de situações antes tidas como normais. Em sua carta,
você, um cidadão brasileiro, deve também cobrar providências da área de saúde em relação a essas questões.
*A prova de redação da UFU
2017 contém duas propostas, a escolha do candidato: