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UEMA – PAES/2016 - A OPRESSÃO E AS INJUSTIÇAS SOCIAIS

UEMA

PROVA DE PRODUÇÃO TEXTUAL – UEMA – PAES/2016

Os textos a seguir problematizam questões sociais. No texto I, o capítulo “Baleia”, de Vidas Secas, apresenta e representa a condição humana, tentando criar novos caminhos. No texto II, o crítico Hermenegildo Bastos diz que Baleia é figuração dos derrotados, uma consciência ao mesmo tempo individual e coletiva que vive tanto o mundo da opressão, como o sonho de liberdade. No texto III, “Cidade Prevista”, de Drummond, o sonho poético é de “um mundo ordenado, uma pátria sem fronteiras”, em que todo homem carrega a responsabilidade de transformar as injustiças sociais.


Texto I

Baleia
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o sacatrapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia.


Baleia pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.


Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. Um mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.


RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. (Com adaptações.)



Texto II
Posfácio
Baleia é a figuração dos derrotados, mas transmite universalidade. Uma consciência ao mesmo tempo individual e coletiva vive o mundo da opressão, mas também o sonho de liberdade. O sonho termina em delírio porque não há lugar para ele, só pode ser realizado pela transformação do mundo. Arte é liberdade, como tal se opõe ao mundo da opressão em que vivemos. O trabalho literário é, assim, ao mesmo tempo, amaldiçoado porque lembra ao homem, pelo revés, a sua falta de liberdade, mas também o espaço de resistência porque reafirma o horizonte da liberdade. A primeira coisa que nos diz uma obra de arte é que o mundo da liberdade é possível, e isso nos dá força para lutar contra o mundo da opressão. A arte é a antítese da sociedade.


BASTOS. Hermenegildo. Posfácio, Inferno, Alpercata: trabalho e liberdade em Vidas Secas. In: RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2015. (Com adaptações.)



Texto III


Cidade Prevista
[...]
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas, nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro
um jeito só de viver,
[...]
Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.

ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.



PROPOSTA DE REDAÇÃO: Para elaborar sua produção textual, considere a leitura das obras indicadas e dos textos selecionados para compor esta prova. Redija um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, em que defenda seu ponto de vista, de modo coerente, acerca do tema:



O MUNDO DA LIBERDADE É POSSÍVEL, E ISSO NOS DÁ FORÇA PARA LUTAR CONTRA A OPRESSÃO E AS INJUSTIÇAS SOCIAIS.



Instruções: Dê um título à sua redação. Utilize a norma padrão da língua. Não copie trechos dos textos apresentados na coletânea. Não escreva a lápis. Escreva de modo legível e na folha apropriada para a redação.


Obedeça ao que consta no Edital, a respeito da correção da Produção Textual.


Será atribuída nota zero à prova de produção textual do candidato que:
a) identificar a folha destinada à sua produção textual;
b) desenvolver o texto em forma de verso;
c) desenvolver o texto sob forma não articulada verbalmente (apenas com números, desenhos, palavras soltas);
d) fugir à temática proposta na prova de produção textual;
e) fugir à tipologia textual proposta na prova de produção textual;
f) escrever de forma ilegível;
g) escrever a lápis;
h) escrever menos de 15 (quinze) linhas;
i) deixar a produção textual em branco.

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