A sucessão de tragédias
que marcou o começo de 2019, no Brasil, leva a comparações entre desastres que,
embora diferentes, têm aspectos em comum – acusações de negligência contra quem
administrava os espaços, demora ou inexistência de responsabilização de
culpados, respostas insuficientes por parte do poder público e, na maioria dos
casos, mortes que poderiam ter sido evitadas. É o que ocorre em casos como o
rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, e a tragédia em Mariana, em 2015.
Nesses grandes desastres também se repete o fato de as empresas e as instituições
envolvidas classificarem a situação como meros acidentes, episódios que não
poderiam ter sido previstos, tampouco evitados - contrariam, inclusive, as
investigações da Polícia Federal, do Ministério Público e de outras
instituições, as quais apontam que, na maioria dos casos, houve sinais ignorados
e medidas de segurança que não foram tomadas. (...) O que chama a atenção no
Brasil, afirmam os especialistas, é que muitas vezes as tragédias não geram mudanças
significativas, e as lições que poderiam ser aprendidas no combate a novos
desastres são ignoradas.
Relatório da ONG Human Rights Watch (HRW)
divulgado em setembro/2019 denuncia a ações criminosas que impulsionam o
desmatamento e as queimadas na Amazônia, com a participação de invasores de
terra e fazendeiros que contam com a proteção de milícias armadas. O documento estabelece
ligações entre o desmatamento ilegal e os incêndios florestais com atos de
violência e intimidação contra os chamados defensores da floresta, que incluem
ativistas, agricultores, comunidades indígenas e até policiais e agentes
públicos. (...) Quando árvores são retiradas de pequenas faixas de mata, é
possível que o desmatamento não seja detectado por satélites. Os grupos criminosos
financiam o uso de maquinários, como tratores caminhões e motosserras, e pagam
pela mão de obra. Segundo o relatório, as ações ocorrem como consequência da
grilagem – a falsificação de documentos para apropriação ilegal de terra.
Recife esteve submerso em
1975. A histórica cheia motivou 107 mortes e teve todos os serviços paralisados.
Agora, mesmo quatro décadas depois, a tragédia em meio às fortes chuvas deixa
pelo menos 93 mortos - com mais de 20 pessoas ainda desaparecidas. Transformou-se
no maior desastre registrado no Grande Recife neste século 21. (...) A
principal diferença em relação a 1975, contudo, está na causa da morte das
vítimas. É o que destaca o geógrafo e professor Osvaldo Girão. "Em 1975,
muita gente morreu por problemas cardíacos, por contaminação da água e
principalmente por afogamento. Agora, a morte está relacionada com os morros e
encostas", explica.
Por Camila Alves e Katherine Coutinho, g1 PE –
30.mai.2022.
Subiu para 232 o número
de mortos devido à forte chuva do dia 15 de fevereiro em Petrópolis. (...)
Segundo a prefeitura, até o momento, 210 vítimas da chuva foram sepultadas no
Cemitério do Centro.
https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/passa-de-230-numero-de-mortos-na-tragedia-das-chuvas-em-petropolis-rj/.
Acesso em 4.mar.2022.
Texto VI
O subprocurador-geral do
Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Furtado,
protocolou hoje um pedido para que o tribunal abra apuração sobre possível má
aplicação de recursos do governo federal para conter os efeitos das chuvas
sazonais que castigam o município de Petrópolis (RJ) há mais de 10 anos.
"O Poder Executivo petropolitano talvez não esteja fazendo uso adequado e
regular dos recursos federais que lhe têm sido transferidos ou colocados à sua
disposição para serem empregados em obras e serviços que efetivamente sirvam a
evitar ou minimizar os efeitos desastrosos das chuvas sobre o município",
observa o subprocurador.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2022/02/18/petropolis-mp-no-tcu-pede-apuracao-sobre-uso-de-verba-para-conter-tragedia.htm.
Acesso em 21.mar.2022.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Tragédias ambientais brasileiras: caminhos para conter o ciclo histórico de impunidade no Brasil. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.