APRENDER A VER A BELEZA NO DIFERENTE
PAS-1/UnB 2019
(Com ajustes)
ID: F58
ATENÇÃO: Nesta prova, faça o que se pede, utilizando,
caso deseje, o espaço indicado para rascunho no presente caderno. Em seguida, escreva
o texto na folha de Texto Definitivo da Prova de Redação em Língua Portuguesa,
no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em
locais indevidos. Respeite o limite máximo de linhas disponibilizado.
Qualquer fragmento de texto além desse limite será
desconsiderado.
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Eu adoraria ver jacarés,
ursos brancos ou cobras de dez metros. Uma vizinha da nossa rua tem uma vaidosa
galinha d'Angola. Eu gosto de animais e mais ainda dos esquisitos e invulgares,
até dos que parecem feios por serem indispostos. Os bichos só são feios se não entendermos
seus padrões de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio é complexo e pode
ser apenas um problema de quem observa. Eu uso óculos desde os cinco anos de
idade. Estou sempre por detrás de uma janela de vidro. Não faz mal, é porque eu
inteira sou a minha casa. Sou como o caracol, mas muito mais alta e veloz. A
minha mãe também acha assim, que o corpo é casa. Habitamos com maior ou menor
juízo. O jacaré é um bicho indisposto, eu sei. Gosto muito dele, mas não devo
chegar perto. Nunca vi, já disse. Tenho pena. Talvez seja pior para o jacaré,
por não o amar. Eu gosto dele mas não sei se constrói. Estou a ser sincera.
Ainda tenho que ler sobre isso. Talvez os bichos ferozes construam coisas às
quais não sabemos dar valor. É importante pensarmos no valor que cada coisa ou
lugar tem para cada bicho. Só assim vamos compreender a razão de cada coisa ser
como é. Depois de entendermos melhor, a beleza comparece. Valter Hugo Mãe. O
paraíso são os outros.
Biblioteca
Azul, 2018.
Edward Gorey. Internet: <www.staradvertiser.com>.
Em seu ensaio chamado O
Estranho (Umheimliche, em alemão), Sigmund Freud escreveu sobre o impacto
produzido pela estranheza em nossas mentes. O estranho nos traz algo de
familiar, porém um tanto deslocado. E, com isso, provoca uma sensação que é
tanto incômoda quanto prazerosa. Nos tira da nossa zona de conforto e, ao mesmo
tempo, abre possibilidades de enxergar as coisas e as pessoas por ângulos
diferentes. Tim Burton, em seus filmes, mesmo nos mais comerciais, provoca esse
sentimento inquietante. O de que os estranhos... bem, não são tão distantes
assim de nós. Porque a estranheza, no fundo, está em nós, embora passemos a
vida a negar-lhe a existência.
Internet:
<www.cultura.estadao.com.br>.
Baby você não precisa
De um salão de beleza
Há menos beleza
Num salão de beleza
A sua beleza é bem maior
Do que qualquer beleza
De qualquer salão...
Mundo velho
E decadente mundo
Ainda não aprendeu
A admirar a beleza
A verdadeira beleza
A beleza que põe mesa
E que deita na cama
A beleza de quem come
A beleza de quem ama
A beleza do erro
Puro do engano
Da imperfeição...
Zeca baleiro. Salão de
beleza.
“Não há beleza perfeita que não
contenha algo de estranho nas suas proporções.”
Francis Bacon
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Na cultura japonesa, wabi-sabi é um ideal estético que pode ser definido como a beleza das coisas imperfeitas,
impermanentes e incompletas, uma beleza das coisas modestas e simples, uma
beleza das coisas não convencionais. Considerando essa informação e os textos
apresentados, redija um texto dissertativo-argumentativo acerca do seguinte
tema:
APRENDER A VER A BELEZA NO DIFERENTE