Vários futuristas internacionais dizem que o coronavírus funciona como um
acelerador de futuros. A pandemia antecipa mudanças que já estavam em curso,
como o trabalho remoto, a educação a distância, a busca por sustentabilidade e
a cobrança, por parte da sociedade, para que as empresas sejam mais
responsáveis do ponto de vista social. Outras mudanças estavam mais
embrionárias e talvez não fossem tão perceptíveis ainda, mas agora ganham novo
sentido diante da revisão de valores provocada por uma crise sanitária sem
precedentes para a nossa geração. Como exemplos, podemos citar o fortalecimento
de valores como solidariedade e empatia, assim como o questionamento do modelo
de sociedade baseado no consumismo e no lucro a qualquer custo. “A vida depois
do vírus será diferente”, disse ao site Newsday a futurista Amy Webb,
professora da Escola de Negócios da Universidade de Nova York. “Temos uma
escolha a fazer: queremos confrontar crenças e fazer mudanças significativas
para o futuro ou simplesmente preservar o status quo?”
Efeitos do coronavírus devem durar quase dois anos
As transformações são inúmeras e passam pela política, economia, modelos
de negócios, relações sociais, cultura, psicologia social e a relação com a
cidade e o espaço público, entre outras coisas. O ponto de partida é ter
consciência de que os efeitos da pandemia devem durar quase dois anos, pois a
Organização Mundial de Saúde calcula que sejam necessários pelo menos 18 meses
para haver uma vacina contra o novo. Isso significa que os países devem
alternar períodos de abertura e isolamento durante esse período.
Dois efeitos colaterais positivos da virtual
paralisação de cidades brasileiras deverão ser a redução de homicídios e dos
óbitos no trânsito. Outra consequência da passagem da Covd-19 que soa
promissora é a disseminação do “home office”. As pessoas vão descobrir que o
trabalho remoto é possível em muito mais situações do que se supunha, e isso
poderá trazer impactos positivos para a produtividade, a felicidade individual,
o trânsito e até a vida dos bairros. Procurando bem, até epidemias têm aspectos
positivos.
Hélio Schwartsman,
Folha de S.Paulo, 22/3/2020
Texto IV
Quando a vacina ficar pronta e a pandemia acabar, qual será a principal
lição que a humanidade terá aprendido? O mais provável é que precisamos
investir ainda mais esforços na proteção da vida humana.
Yuval Noah Harari, Folha
de S.Paulo, 3/5/2020
Texto V
Não parece que o mundo onde vamos desembarcar depois da pandemia seja o
mesmo do qual saímos. O vírus originado no interior da China abalou o planeta e
colocou a população em quarentena. Chegou deixando o futuro para trás, com
planos, trabalhos, compromissos e projetos suspensos. Desde 11 de março, quando
a OMS declarou pandemia do novo coronavírus, a vida mudou radicalmente. Enfrentamos
uma das maiores crises da história recente da humanidade. São milhares de
vítimas, colapso nos sistemas de saúde, uma legião de desempregados, fronteiras
fechadas, crianças sem aula, trabalho remoto, economia derretida e indústrias
paradas. Enquanto a humanidade espera uma vacina contra a doença, começamos a
experimentar um "novo normal" - que de normal parece não ter nada. A
pandemia está remodelando a forma como nos relacionamos com o mundo, com os
outros e com nós mesmos. Abriremos espaço para uma tecnologia mais emocional? A
educação, enfim, vai se reinventar? Quais são as habilidades que lideranças
devem ter? Como a análise de dados pode ajudar? Seremos mais cautelosos no
contato? Vamos abraçar de vez a digitalização no trabalho? Saberemos regenerar
nossa relação com a natureza? (...) A crise global vai trazer inúmeros impactos
negativos. Além das mortes, corremos o risco de uma recessão generalizada
aumentar a desigualdade social e deixar pessoas em vulnerabilidade em situação
ainda mais crítica, para citar alguns deles. Mas também podem surgir
oportunidades. Pelo olhar dos especialistas, no lugar onde vamos desembarcar, o
professor, a ciência e o feminismo são valorizados, buscamos o essencial, as
relações são mais empáticas e teremos a chance de criar narrativas para o
conceito de humanidade. É possível enxergar beleza em meio ao caos.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Como será a humanidade depois da pandemia?”
Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.