MODELO ENEM - MACONHA: DESCRIMINALIZAR OU REPRIMIR?
ENEM
USO DA MACONHA
MODELO ENEM
ID: DN5
Texto I
A
primeira lei sobre a criminalização da "Cannabis" no Brasil data de 1830,
pela Câmara do Rio de Janeiro, antes mesmo da abolição da escravatura, em 1888.
Pela redação da lei, era clara a discriminação e o racismo, até porque o
"pito de pango" ("Cannabis") foi proibido ao mesmo tempo em
que foram proibidas outras manifestações culturais do povo preto, como a
capoeira, hoje, já considerada patrimônio cultural.
A criminalização é a
melhor forma de se obter a diminuição do consumo? Não. O caminho é a
descriminalização das drogas. Apesar do caráter pecaminoso que muitos gostam de
atribuir ao crime, o fato é que nenhuma conduta é naturalmente criminosa. Na
verdade, é a sociedade que escolhe quais condutas devem receber o rótulo de
crime, e essa escolha varia de acordo com ela mesma, sociedade, e o momento
histórico. Muitas condutas ainda permanecem como crimes muito mais por uma
tradição que por legitimidade do controle penal. Nem sempre a melhor forma de se
proteger um bem jurídico, ou as pessoas, é por meio da criminalização. É o que
ocorre com as drogas. O consumo de drogas significa uma autolesão, impunível
por não ser uma conduta socialmente lesiva. Tanto é assim que diversas outras
coisas, tão ou mais prejudiciais à saúde, são legalmente permitidas. O consumo
de álcool é um ótimo exemplo, pois o alcoolismo indiscutivelmente causa danos à
saúde.
Para o jurista Luiz Flávio Gomes, o alto
índice de rejeição à legalização das drogas reflete o medo da população em
relação ao assunto. Ele observa que as experiências com a medida, como as de
alguns estados dos Estados Unidos e do Uruguai, ainda são muito recentes e é
preciso aguardar para ver qual resultado terão. “Enquanto não se mostra como
uma alternativa concreta, a população morre de medo de que as coisas piorem.
Nem todo mundo rejeita a proposta por razões moralistas, alguns o fazem por
desconhecerem [o que pode acontecer]”, analisa Gomes.
Fonte: Paraná Pesquisas.
Metodologia: Foram ouvidos 2.020 eleitores entre os dias 12 e 15 de
fevereiro/2017 em 146 municípios brasileiros de 26 estados e Distrito Federal.
O grau de confiança é de 95%, e a margem de erro é de 2%. Infografia: Gazeta do
Povo.
NOTA À IMPRENSA: Contra
descriminalização do porte de drogas para consumo
Os Juízes e os Promotores
com atuação nas Varas e Promotorias de entorpecentes do Distrito Federal vêm
externar à sociedade sua grande preocupação com a proposta de descriminalização
do porte de drogas para consumo, o estabelecimento de critérios quantitativos e
a redução da pena máxima para o tráfico, por parte da Comissão de juristas que
elaboram o anteprojeto de Código Penal. Reconhece-se a preocupação
governamental com os custos do sistema carcerário do país, diante dos recentes
levantamentos oficiais de que 1/3 da população carcerária encontra-se presa por
tráfico de drogas. Mas não se poderia admitir ou aceitar que se tenha optado
por conferir primazia ao custo econômico em detrimento da segurança e saúde da
população brasileira. A descriminalização passaria a impressão equivocada de
que o consumo de drogas não é perigoso ou arriscado, o que poderá gerar um
incremento no número de consumidores, visto que as drogas legalizadas possuem
mais consumidores do que as drogas ilícitas (75% da população já experimentou
bebida alcoólica, enquanto menos de 9% consumiu maconha (SENAD, 2005). (...) A
dura realidade mostrada massivamente na imprensa indica que não se pode
facilitar e favorecer o tráfico e o consumo. O noticiário é rico em tragédias
envolvendo famílias que foram desfeitas, seja porque pais foram assassinados,
seja porque filhos foram mortos pelos próprios genitores, sendo que todas as
situações tinham em comum o consumo de droga, agregado ao estado de violência
por ela gerado dentro do próprio lar. (...) Levantamentos perante as Varas de
Entorpecente mostram que: 80% dos traficantes são consumidores de droga; 95%
começaram o seu consumo na adolescência; 90% começaram com o consumo de maconha
e 85% dos usuários de droga frequentaram a escola até a 8.ª série. (...)
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A
partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: “A polarização em torno do uso da maconha:
descriminalizar ou reprimir?” Apresente proposta de intervenção social que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.