ITA 2018-2019 - DISSERTAÇÃO - INCÊNDIO NO MUSEU NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica
ITA 2018-2019
INCÊNDIO NO MUSEU NACIONAL
ID: EMD
No dia 2 de setembro, ocorreu um incêndio no Museu
Nacional que destruiu grande parte de seu acervo, do qual apenas cerca de 1%
estava exposto. Mais antigo do país, esse museu foi fundado por D. João VI em
1818, e está localizado em um palacete imperial, na Quinta da Boa Vista, no Rio
de Janeiro. A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência Cultura
(Unesco) considerou que o incêndio foi uma grande perda para o Brasil e para a
humanidade, comparada à destruição das ruínas da cidade de Palmira, na Síria.
A partir da leitura dos excertos e da charge
apresentados a seguir, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma
padrão da língua portuguesa. Os textos poderão servir como subsídios para a sua
argumentação, mas não devem ser integralmente copiados.
Texto 1:
O incêndio que consumiu o Museu Nacional não pode
ser encarado como uma tragédia. Um foco de fogo que destruísse uma obra, mas
fosse rapidamente debelado seria uma tragédia. A queima de uma instituição com
200 anos e um acervo de 20 milhões de itens, que não contava com estrutura
adequada de prevenção a incêndios, não é um acidente, mas um empreendimento. Um
projeto coletivo, pacientemente implementado ao longo do tempo por um Estado e
uma sociedade que condenaram seu patrimônio histórico, natural, científico e
cultural à inanição. [...] Esse projeto
coletivo não enxerga barreiras ideológicas e matizes políticos. [...] Não se
trata apenas de recursos financeiros e vontade. Um fogo que consome um museu
inteiro é paradigmático da ausência de um projeto nacional que veja esse
patrimônio como subsídio fundamental para a construção de um país melhor, e que,
portanto, precisaria ser protegido a qualquer custo. Se assim fosse, haveria
recursos para monitorar, conservar e estudar nosso patrimônio da mesma forma
que existe para garantir o funcionamento dos mais diversos palácios que
hospedam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pelo país. Até porque
representantes políticos vêm e vão, mas nossa história fica. O povo seria o
primeiro a ocupar palácios para pedir recursos a museus.
O Museu Nacional teve menos visitantes em 2017 do
que o número de brasileiros que visitou o Museu do Louvre no mesmo ano. O Museu
Nacional registrou 192 mil visitantes em 2017, segundo informou a assessoria de
imprensa da instituição à BBC News Brasil. No mesmo período, 289 mil
brasileiros passaram pelo Louvre, em Paris, na França, uma das principais instituições
de arte do mundo, segundo registros do próprio museu. O número de brasileiros
que visitaram o museu francês é 50,5% superior à visitação total da instituição
brasileira. O Louvre teve um aumento de 82% do número de visitantes do Brasil
no ano passado em relação a 2016.
Museus em chamas, bibliotecas entregues às traças e
prédios históricos devorados por cupins ou simplesmente colocados à venda pelo
preço do terreno. Em um cenário de crise econômica e com imposição de um teto
para os gastos públicos federais, a Cultura e a preservação do patrimônio
histórico acabam sendo uma das primeiras e maiores vítimas. A destruição de boa
parte do Museu Nacional na noite de domingo, no Rio de Janeiro, é um exemplo
extremo do que se repete silenciosa e diariamente em todo o país. São Paulo, o
Estado mais rico do país, se tornou uma vitrine do descaso com o patrimônio. Já
arderam nas chamas o Teatro Cultura Artística, em 2008, o Memorial da América
Latina, em 2013, o Museu da Língua Portuguesa, em 2015, e a Cinemateca, em
2016. Por fim, o Museu do Ipiranga, um dos mais importantes do país,
encontra-se fechado há cinco anos para reformas. O Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo,
Condephaat, por exemplo, dispõe de apenas 50.000 reais para realizar a
manutenção e avaliação preventiva de 2.000 bens tombados em 645 municípios
neste ano. Outros 75.000 reais são recursos vinculados que, por problemas
burocráticos, não são utilizados pelo órgão, segundo a reportagem apurou. De
acordo com fontes da entidade, o valor pleiteado foi de 1 milhão de reais para
que o conselho pudesse desempenhar sua função de forma adequada.