FAMERP 2017
Texto 1
O respeitabilíssimo Dicionário Oxford, o mais
extenso da língua inglesa, anunciou que um novo verbete passaria a figurar em
suas páginas: selfie, que reúne o substantivo “self” (eu, a própria pessoa) e o
sufixo “-ie”. Eis sua definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em
geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.”
(Rafael Sbarai. “Selfie é a nova maneira de expressão e
autopromoção”. veja.abril.com.br, 23.11.2013. Adaptado.)
Texto 2
O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos
Estados Unidos, Keith Campbell, sugere que um dos motivos que nos fazem amar
selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa. Ele afirma que a
selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas. As selfies também
nos permitem exercer um nível de controle maior sobre como os outros nos
enxergam online, e isso é um grande apelo. Graças às câmeras dos celulares
localizadas na frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir
a imagem que nos mostra exatamente como queremos – uma imagem a qual nos
sentimos felizes de compartilhar com o mundo online. Curioso notar que uma
pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode na verdade aumentar
nossa autoestima e confiança.
E os benefícios potenciais da selfie não param aí. As
selfies têm uma característica espontânea e íntima que vem mudando a maneira
com que documentamos, compartilhamos e celebramos eventos. Quando encontramos
uma celebridade, não buscamos mais um autógrafo impessoal, nem precisamos usar
cartões postais para dividir as memórias de uma viagem bacana. Pelo contrário,
capturamos esses momentos únicos e compartilhamos com nossos amigos
imediatamente. A Dra. Andrea Letamendi explica que “psicologicamente, podem
haver benefícios em se compartilhar selfies porque essa prática está impregnada
em nossa cultura e é uma maneira de se interagir socialmente com outros.”
(“O que seu selfie diz sobre você? A ciência por trás da
nossa obsessão”. www.shutterstock.com. Adaptado.)
Texto 3
Na mitologia grega, Narciso era conhecido por sua beleza,
mas, ao ver-se refletido nas águas de uma fonte, apaixonou-se por si mesmo. E,
em busca desse amor impossível, fundiu-se consigo mesmo e sucumbiu na própria
imagem. Trazendo para o atual contexto, podemos ver o narcisismo nas
tecnologias, principalmente com o uso das redes sociais e as tão faladas selfies,
que não estariam ligadas apenas à intenção de se expor, através de um
autorretrato, mas também a uma busca pelo elogio e pelo olhar do outro para ser
admirado, reconhecido e, assim, amado.
O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição
e busca revela um sintoma da sociedade, cada vez menos interessada nas relações
de fato e reais, à medida que apenas investe na proliferação de imagens, que
não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de fato
está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão
instantâneo, traduz os reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá
muitas curtidas e elogios realmente se sentirá melhor?
Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam
superficiais, ou seja, quando o indivíduo está realmente em contato com o
outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa, já que está tão voltado para a
sua selfie.
(“O narcisismo na contemporaneidade: o mal-estar da era
das selfies”. http://lounge.obviousmag.org, setembro de 2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios
conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma padrão da língua
portuguesa, sobre o seguinte tema:
Selfies: mecanismo de interação
social ou narcisismo em excesso?
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