FAMERP 2015
Texto 1
Machado de Assis virou assunto nas redes sociais. O autor
de Dom Casmurro esteve no centro de intensos debates depois que uma
coluna da Folha de S.Paulo revelou que a escritora Patrícia Secco
lançará uma versão simplificada de O Alienista, obra de Machado lançada
em 1882. Secco coordena um projeto que visa “descomplicar” os clássicos para o leitor
não acostumado a lê-los.
Autorizada pelo Ministério da Cultura, ela captou cerca
de R$ 1 milhão, via leis de incentivo, para a empreitada – além do conto de
Machado, também adaptou A Pata da Gazela, de José de Alencar. Os dois
terão, juntos, tiragens de 600 mil exemplares e serão distribuídos de graça
pelo Instituto Brasil Leitor.
A notícia alvoroçou as redes sociais. Uma petição on-line
com mais de 6.500 assinaturas contesta o apoio do Ministério da Cultura. “O
foco do projeto é a doação de livros para pessoas que não tiveram oportunidade
de estudar, constantemente excluídos do acesso à cultura”, diz Secco. “Trata-se
de uma disputa entre o purismo e a democratização da leitura.”
(“Machado de Assis vira alvo de debate após divulgação de
obra simplificada”. www.folha.com.br, 10.05.2014. Adaptado.)
Texto 2
Lançar versões simplificadas de clássicos da literatura é
uma prática comum em qualquer país do mundo. No Brasil, um país em que metade
da população não leu uma só página de um livro nos últimos três meses e a média
de tempo dedicado à leitura por dia é de seis minutos, qualquer iniciativa para
divulgar a literatura deveria ser bem-vinda. Mesmo se a qualidade das
adaptações de Patrícia Secco se revelar duvidosa, é impossível que a
distribuição de centenas de milhares de livros tenha algum impacto negativo.
(Danilo Venticinque. “Machado de Assis e a choradeira dos
críticos”. www.epoca.com, 13.05.2014. Adaptado.)
Texto 3
Segundo o poeta e professor da Universidade de São Paulo
Alcides Villaça, que é veementemente contra o princípio de reescrever um
clássico, há trechos das adaptações de Patrícia Secco que ficaram
incompreensíveis. “Você tem impressão de estar até reconhecendo Machado, porque
são muitos trechos dele, mas de repente vem aquilo que ele jamais faria. Um
bom escritor você reconhece quando o texto flui ou quando
ele te faz enfrentar uma prosa quebradiça, mas o ritmo é dele. Quando você mexe
na pontuação, na sintaxe, suprime palavras e corta parágrafos, você perdeu o
ritmo, um elemento da maior importância da literatura. É vender gato por lebre,
uma coisa grosseira”, ressalta.
(“Versão simplificada de livro de Machado de Assis gera
polêmica”. www.g1.globo.com, 17.05.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios
conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa,
sobre o tema:
Simplificação de livros clássicos: democratização
da leitura ou desrespeito ao texto original?
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