MODELO ENEM - CONSUMO E OSTENTAÇÃO - "SER" E "TER"
ENEM
CONSUMO E OSTENTAÇÃO
MODELO ENEM
ID: ECZ
Texto I
Há muito tempo,
ostentação e consumismo andam de mãos dadas. Afinal, as pessoas, para exibirem
o luxo que supostamente as rodeia, costumam investir quantias que muitas vezes
são superiores a suas reais possibilidades financeiras. Desse comportamento
exibicionista brotam outros, como a compulsão por compras, a inadimplência, o
narcisismo ou o egocentrismo. Tudo isso pode evoluir para quadros de doenças
psicológicas. A ostentação se configura pelo ato de afirmar uma falsa
realidade. Enquanto isso, o consumismo consiste no ato de comprar
compulsivamente.
Entretanto, a ostentação
é um comportamento que não leva, necessariamente, ao consumo exagerado, mas à exibição
de algo — que pode inclusive nem pertencer à pessoa que ostenta, mas à outra.
Enquanto isso, o consumismo pode, sim, estimular a ostentação. Apesar da
distância semântica entre os termos, na prática, quando eles se unem, influenciam
a construção de estereótipos marcados pelo excesso, pelo descontrole e pelo
total desinteresse por um estilo de vida modesto e discreto.
O consumismo pode gerar o endividamento
das pessoas. O brasileiro teve um incremento de renda, principalmente,
pela aplicação das políticas de transferências de renda, que são práticas
paliativas e compensatórias, iniciadas nos governos tucanos de Fernando
Henrique Cardoso e possuem a aprovação do Banco Mundial. Esta política era
necessária para incrementar a renda para as classes menos abastadas – entretanto,
tornou-se uma importante fórmula de controle social. É importante deixar
claro que "ter” não é “ser", pois ter bens materiais não significa mudar
de classe social. Ter bens materiais resultou em uma falsa sensação de
liberdade, além do que aguçou o individualismo na sociedade brasileira, fato
que freia mobilizações sociais e reproduz o egoísmo ostentatório. A
fetichização da mercadoria está em suas últimas consequências. (...)
Zygmunt Bauman: “Somos
aquilo que podemos comprar”
Zygmunt Bauman
(1925-2017) foi um sociólogo polonês que analisou a face mais problemática do
capitalismo: a ideia de que somos o que compramos. Ele observa que a sociedade
atual, bombardeada pela propaganda incessante, vive em estado de estresse e
ansiedade, pressionada a consumir cada vez mais e sequer consegue pensar em
soluções para seus problemas, afinal, não há tempo para isso. Temos de
trabalhar muito para pagar muitas contas. Perdemos completamente o poder de
decidir nossas vidas. Aqueles que não podem pagar não têm acesso aos shoppings
centers, os santuários espirituais das sociedades de consumo.
Se no passado o capitalismo era norteado pela
cultura da poupança, quando as pessoas faziam sacrifícios para obter aquilo que
necessitavam, hoje vivemos a ilusão do “aproveite agora e pague depois”. E
pague, de preferência, por coisas que não precisa. A criação de falsas
necessidades é especialidade do capitalismo. Contudo, até mesmo o poder
econômico irá consumir a si mesmo. Estamos, segundo Bauman, em uma época sem
líderes ou política, orientados tão somente pelo consumismo, sem direção ou
objetivos. Somente após o previsível colapso de nossas sociedades de consumo é
que buscaremos soluções mais sensatas.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos
textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal
da língua portuguesa sobre o tema: Consumo e ostentação – a distância entre o “ser”
e o “ter”. Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.