As pessoas tendem a pensar na
adolescência como um período difícil, turbulento, com variações do humor e
crises emocionais. Os adolescentes realmente se deparam com várias situações
novas e pressões sociais quando se aproximam da idade adulta e, para alguns,
este período de transição é muito difícil. Muitas pessoas consideram estas
flutuações do humor e as mudanças no comportamento como uma fase normal da
adolescência. No entanto, há evidências de que estes problemas não fazem parte
necessariamente, do processo normal de amadurecimento. Na verdade, para muitos
adolescentes, sintomas como descontentamento, confusão, solidão, incompreensão
e atitudes de rebeldia podem indicar depressão. Durante muitos anos,
acreditou-se que os adolescentes não eram afetados por esta doença, mas
atualmente os especialistas sabem que os adolescentes são tão suscetíveis à
depressão quanto os adultos. Em todas as faixas etárias, a depressão é um
distúrbio que deve ser encarado seriamente. Ela pode interferir de maneira
significante na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral.
Embora
sejam empregadas como sinônimos, depressão tem pouco a ver com tristeza. Depressão
é uma doença grave. (...) Nos adultos, é mais fácil de ser diagnosticada –
ainda que, por vezes, não se queixam, suas atitudes revelam que não se sentem
bem e a família percebe que algo de errado está acontecendo. Com as crianças, é
diferente – elas aceitam a depressão como fato natural, próprio de seu jeito de
ser. Embora estejam sofrendo, não sabem que aqueles sintomas são resultado de
uma doença, e que podem ser aliviados. (...)
Drauzio
Varella: Filhos de pais depressivos ou com parentes próximos com quadros de
depressão correm maior risco de apresentar o problema?
Sandra
Scivoletto: Correm, e a depressão que se inicia na infância, geralmente, é mais
grave. Por isso, a criança deve ser tratada o mais rápido possível.
Drauzio:
Qual é o inconveniente de não diagnosticar a doença e não iniciar o tratamento
precocemente?
Sandra
Scivoletto: Primeiro, a dificuldade de aprendizado é grande. Depois, a criança
vai crescer achando que a alegria estampada nas outras pessoas não foi feita
para ela, e conforma-se com esse referencial. Mais tarde, quando adolescente,
estará mais propensa ao uso de drogas, porque irá procurar alguma coisa que
alivie esse desconforto permanente. Não é possível que só os outros consigam
ser felizes. Na realidade, o adolescente deprimido age como se a melhor defesa
fosse o ataque e, se conseguimos ultrapassar essa barreira, ele se mostra muito
angustiado e chora.
Drauzio:
Num primeiro momento, as drogas fazem isso num piscar de olhos…
Sandra
Scivoletto: Juntar o imediatismo próprio do adolescente com o alívio momentâneo
que a droga dá é um caminho que passa a falsa impressão de que o problema está
resolvido. (...)
Drauzio:
Existe alguma diferença entre o quadro clínico da depressão infantil e da
depressão na adolescência?
Sandra
Scivoletto: Existe, principalmente nos meninos, até por fatores culturais. (...) Ele se torna extremamente agressivo, e sai brigando com o mundo.
COMANDO:
A partir da leitura do texto base e dos demais repertórios a que você tem
acesso, imagine que o diretor do colégio em que estuda tenha convidado você
para redigir uma DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA para ser veiculada no jornal virtual da
cidade. O tema para sua redação é: A DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA. Escreva,
aproximadamente, 25 linhas.
Você
já sabe, mas não custa lembrar...
Diferentemente
do que acontece nas dissertações argumentativas, que lidam, ao mesmo tempo, com
informação e criticidade, nas dissertações expositivas, como o próprio nome
adianta, o dissertador tem o compromisso de expor informações, quer sejam elas
resultado de pesquisas, leituras, entrevistas etc. Desse modo, a princípio, a
dissertação expositiva não comporta o posicionamento crítico/opinião do
dissertador.
A
dissertação expositiva leva título, e é escrita na 3.ª pessoa do singular. É
preciso organizá-la em, no mínimo, três parágrafos: 1) apresentação do tema; 2)
desenvolvimento – síntese da opinião de profissionais
da área; dados sobre investimentos, estimativas, estudos etc.; 3) conclusão –
apanhado das principais informações contidas ao longo do texto.