Resumir é apresentar certo conteúdo, quase sempre escrito, de modo seletivo e breve.
Um resumo deve ser:
Conciso, obviamente: corte, quando não forem determinantes ao assunto principal, os exemplos dados pelo autor, detalhes/dados secundários.
. Em textos narrativos, convém eliminar os discursos diretos – dê preferência aos discursos indiretos, pois são mais econômicos; é preciso mencionar: fato/ação principal, personagens principais (por vezes, é possível eliminar figurantes), além de compor o lide: o quê?, quando, onde e como?, por quê (se houver justificativa)? e desfecho.
. Em passagens descritivas, convém economizar, o quanto possível, adjetivos e advérbios, sobretudo os repetidos ou inexpressivos.
. Em textos dissertativos, comece grifando as palavras-chave (substantivos e verbos) de cada parágrafo ou sentença; detecte o assunto/a questão central e o ponto de vista do autor sobre o assunto; veja se há intercalações desnecessárias (advérbios e adjetivos) ou excesso de organizadores textuais (conjunções), e corte-os; faça um apanhado dos principais argumentos pertinentes ao assunto central.
Pessoal: escrito, o quanto for possível, com palavras próprias; é o resultado da sua leitura do texto-base.
Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as ideias centrais do texto-base, de preferência na ordem em que foram apresentadas. Cuidado com a coesão textual – o uso correto das conjunções, preposições e pronomes.
IMPORTANTE: O resumo não comporta comentário/opinião acerca do tema nem do posicionamento adotado pelo autor do texto-base.
COMANDO: Imagine que você seja o redator de uma revista de grande circulação, e tenha de enviar o texto abaixo para a Redação. Ocorre que o espaço destinado a publicações desse tipo de matéria é limitado, e cabe a você fazer um RESUMO do texto. Escreva até 15 linhas.
Cervejaria tritura aves com cevada. Papa Francisco apoia Trump. Maioria
de votos nulos cancela eleição. China desenvolve ovos de plástico. Chá de casca
de cebola é a cura para a Covid-19. A rede varejista Lojas Renner anunciou que
fechará todas as lojas no Brasil, Argentina e Uruguai. Esses recortes, ainda
que, à primeira vista, pareçam verdadeiros, dada a notável verossimilhança
entre eles e a realidade por que passamos, estão todos correlacionados: todos
são falsos – fake news – e, apesar disso, como tudo nas redes sociais,
espalharam-se rapidamente, num átimo de segundo. Em nome do alarmismo, da
chacota e da pseudo liberdade de expressão, como amplamente divulgado pelas
mídias televisivas, no Brasil e no mundo, o volume de boatos que circula nas
redes sociais, sobretudo em época de eleições, tem incomodado não só pessoas
físicas, mas também jurídicas, sem que o responsável (os responsáveis – nunca se
sabe quantas quadrilhas há pelo mundo afora) pela fake, apelido bonitinho a
boato criminoso, seja punido. Sem dúvida nenhuma, e ingênuo quem disser o
contrário, a situação ainda se agrava tendo em vista o fato de grandes portais
de notícias contribuírem com tudo isso, o que não é segredo a ninguém, se
minimamente informado. Então, por essa e por outras razões, é necessário
cautela, muita cautela mesmo: nem tudo o que tem formato de notícia é,
realmente, notícia, o que reclama soluções emergenciais, sob pena de retrocessos
irreparáveis.
Com efeito, os internautas, obviamente os desavisados, diante de um fake,
trocam a marca da cerveja costumeira. Em contrapartida, os mais sagazes,
sobretudo os marqueteiros, aqueles que, em ano eleitoral, são contratados a
preço de ouro, para fazer brilhar o moral de um, que nem sempre é natural, mas habilidosamente
fabricado, e empoeirar o moral de outro, por vezes inocente feito criança de
berço, o que é motivo de imensa preocupação, inclusive, do Tribunal Superior
Eleitoral. E nesse remoinho absurdo e
quase que inacreditável estão os eleitores de boa fé, feito eu, feito você, acreditando
nas incontáveis pesquisas de opinião, quase sempre, fraudadas, e no perfil criminoso do
candidato Fulano de Tal, casado com a madame Cicrana de Tal e Tal.
Tudo isso, em grande parte, pode ser atribuído aos portais virtuais de
notícias, que, contrariando a moral, a ética e o bom senso, há tempos, deixaram
de ser veículos de informação em favor das aspirações públicas, e passaram a
ser ferramentas institucionalizadas em favor de interesses privados, obviamente
ao custo de patrocínios gigantescos. É inegável: a mentira, sem grande esforço,
esconde-se atrás do pano da liberdade de expressão, de imprensa e de tantas
outras liberdades que, dizem, também mentindo, são asseguradas pela
Constituição. E o mais grave: ultimamente, contrariando os sábios ensinamentos
que nos legaram a tradição, as mentiras contadas mil e uma vezes estão se tornando
verdades quase cristalinas. Lamentável, meu caríssimo leitor! Lamentável.