Embora
pertençam ao universo dos textos jornalísticos, existem importantes diferenças
entre os gêneros NOTÍCIA e REPORTAGEM.
A
NOTÍCIA cobre fatos excepcionais ou de grande impacto social, que acabaram de
acontecer, como acidentes, terremotos, atentados, enchentes, roubos,
assassinatos etc. São escritas, geralmente, pelo jornalista. Alguns aspetos
devem ser observados para a redação da notícia: a novidade (o fato tem de ser
“fresco”); a proximidade (deve focalizar fatos da cidade ou da capital –
eventos distantes do público leitor tornam-se desinteressantes); tamanho (deve
compor um lide completo, mas é rápida/objetiva) e relevância (fato deve ser
importante ao público leitor). A notícia é veiculada em jornais impressos, televisivos
ou radialísticos.
Exemplo de notícia:
Chuvas devastam cidade no Pará
Após chuvas fortes, barragens se rompem e duas crianças morrem em Paragominas.
A prefeitura de Paragominas, no Pará, decretou estado de calamidade pública por causa dos danos causados pelas fortes chuvas, enxurradas e alagamentos que atingiram o município desde a madrugada de ontem (12). Duas crianças morreram. O rompimento de pelo menos três barragens na região contribuiu para o aumento do volume de água. O nível do Rio Uraim, o principal do município, se elevou em 4 metros. (...)
A REPORTAGEM (ou MATÉRIA) é uma narrativa longa, resultado de pesquisas, investigações e verificação de documentos. Ela traz, frequentemente, fotografias e testemunhos que caracterizam seu caráter investigativo-documental. O repórter utiliza-se de um estilo mais cuidadoso de escrita; o vocabulário e as
construções frásicas são claros e objetivos. A reportagem é veiculada na imprensa escrita ou televisiva ou radialista.
Assim, é possível concluir que: 1) a reportagem vai além da notícia, vez que a notícia esgota-se em si mesma; 2) a notícia, muitas vezes, é o ponto de partida da reportagem.
Exemplo de reportagem:
Após seis anos de seca severa no Nordeste, chuva muda a paisagem
Chuvas chegaram mais cedo em 2018 e encheram reservatórios. No Rio Grande do Norte, dos 47 grandes reservatórios, só três continuam secos.
Os primeiros meses de 2018 foram de alívio em grande parte do Nordeste. Depois de seis anos de seca severa, a chuva encheu os reservatórios e mudou a paisagem.
Só terra seca. Nos últimos anos foi esse o cenário na barragem do Jazigo, em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco. O ano 2018 trouxe chuvas e esperanças. Dos 129 reservatórios de Pernambuco, 74 chegaram ao nível suficiente para contribuir com o abastecimento das cidades. A barragem, por exemplo, a de Duas Unas, que fica em Jaboatão dos Guararapes, município na região metropolitana do Recife. Até a metade do mês de março, ela estava com pouco mais de 50% da capacidade. (...)
A REPORTAGEM contém manchete, linha fina e corpo do texto. A manchete é curta e fácil de entender. É preciso usar palavras-chave da reportagem para compor a manchete, que deve ter, preferencialmente, mais verbos de ação e substantivos do que palavras de outras classes gramaticais. A linha fina é um texto mais explicativo do que a manchete – geralmente um fragmento do próprio texto. O corpo do texto é a parte em que se expõem os detalhes e os desdobramentos do assunto. Para melhor organizar a reportagem, por vezes, o repórter separa a matéria em blocos, cada qual com um intertítulo. (Veja acima como isso foi feito, em “Só terra seca”.)
Para compor a reportagem, é preciso seguir um lide jornalístico, e encontrar respostas curtas para: O QUÊ?; QUEM?; ONDE?; QUANDO?; POR QUÊ?; PARA QUÊ?; COMO?; E ENTÃO... Em seguida, são escritos os pormenores dos fatos – a reportagem deve ater-se, também, a fatos pretéritos, como acima explicado.
***
PROPOSTA DE REDAÇÃO: Imagine
que você, repórter de um jornal de grande circulação, tenha sido escolhido para
escrever uma REPORTAGEM sobre o lixão de determinada cidade. (Lixão é uma área,
céu aberto, em que o lixo é descartado, sem quaisquer medidas de proteção ao
meio ambiente.) A ideia de produzir uma reportagem surge no instante em que agentes da Saúde detectam um surto de doenças provocadas pelo acúmulo de
lixo.
Quais
doenças? Quais os sintomas? Número de casos? Quais as medidas para curar os
doentes? Quais hospitais foram mobilizados? A população da cidade estava
vacinada? Há quanto tempo existe esse lixão? etc., etc. Quanto mais hipóteses
você levantar, mais consistente ficará sua reportagem. Escreva de 25 a 30
linhas.