O MINICONTO, como o próprio nome adianta, é um conto pequeno, com os mesmos elementos do conto tradicional: enredo, narrador, personagens, tempo e espaço. Para a construção dos minicontos, é preciso pensar em cenas/situações curtas, vividas por uma ou duas personagens, com uma única ação central.
Orientações importantes:
1. Para minicontistas iniciantes, recomenda-se obedecer a esta sequência: apresentação da personagem, complicador, clímax e desfecho.
2. Desfechos abertos, secos e impactantes são características dos bons minicontos – isso instiga o leitor a, ele próprio, imaginar o final da trama.
3. Bons minicontistas costumam criar títulos sugestivos, que acenem, sutilmente, ao desfecho da história.
4. O humor, o trágico e o surpreendente são explorados, a partir de situações comuns, extraídas do cotidiano – isso faz com que o leitor se identifique com cenas conhecidas e até vividas por ele.
5. Para os minicontos de humor, é preciso muito cuidado: minicontos não são piadas. O humor há de ser leve e refinado.
6. O vocabulário deve ser simples e bem selecionado, próprio para uma leitura rápida.
Leia o miniconto de Gislaine Buosi:
Um sorriso amarelo
Ao abrirem as marmitas,
os operários deram com ovos cozidos – ou melhor, com claras cozidas. Algum
“canário-da-terra” tinha bicado as gemas. O “canário” foi descoberto quando,
durante o almoço, alguém contou uma piada e, em meio às gargalhadas, perceberam
o sorriso largo e amarelado de Valentim.
***
LEITURA: "Nas frígidas
noites, Macabéa, toda estremecente sob o lençol de brim, costumava ler à luz de
velas os anúncios que recortava dos jornais velhos do escritório. É que ela fazia
coleção de anúncios. Recortava-os, colava-os no álbum."
Trecho de
A hora da estrela, de Clarice Lispector, com ajustes.
COMENTÁRIO: Clarice Lispector,
escritora brasileira, sem dúvida, tem olhos raros – isso pode ser comprovado
com a criação da personagem Macabéa, a moça nordestina que, entre tantas coisas
que poderia ter colecionado, optou por colecionar recortes de jornais.
COMANDO: Desenvolva um
miniconto em que contracene um casal de colecionadores.
Pense em coleções
raras, incomuns. Surpreenda seu leitor!
Escreva até 10 linhas.
SUPER DICAS:
Esteja certo de que ninguém pensaria naquilo em que você pensou – isso é ser original.
Não tenha preguiça de escrever e reescrever o texto – o segundo é sempre melhor do que o primeiro; o terceiro, muito, muito melhor do que o segundo...
Até o final do miniconto, o leitor pretende encontrar respostas para: o quê?, quem?, como?, quando?, por quê?, e então...
Antes de entregar sua produção textual ao corretor, releia o que escreveu, faça a autocrítica e a autocorreção: confira se seu texto está fácil de ser entendido, se as frases e os parágrafos estão bem ligados, se as ideias estão numa sequência cronológica e não se embaralham, se não há repetições nem sobra de palavras, se a ortografia, as regras de acentuação gráfica, a pontuação e os plurais estão corretos.