Garantir o acesso à água de qualidade a todos os
brasileiros é um dos principais desafios para os próximos gestores do país.
Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais
que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções
humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.
Em várias regiões do país, já são sentidos
diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios,
aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se
agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua
percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.
O Brasil tem 12 regiões hidrográficas que passam por
diferentes desafios para manter sua disponibilidade e qualidade hídrica.
Mapeamento do Ministério do Meio Ambiente mostra que, nas bacias que abrangem a
Região Norte, o impacto vem principalmente da expansão da
geração de energia hidrelétrica. Na Região Centro-Oeste, é a expansão da
fronteira agrícola que mais desafia a conservação dos recursos hídricos. As
regiões Sul e Nordeste enfrentam déficit hídrico e a Região Sudeste apresenta
também o problema da poluição hídrica.
“A cadeia cárnea tem uma boa parcela de participação
na atual crise”, afirma Adriana Charoux, da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Segundo ela, a pecuária está diretamente ligada ao contínuo desmatamento da
Amazônia, região responsável por bombear para a atmosfera a água que é levada
para as regiões Centro-Oeste e Sudeste, onde retorna ao solo em forma de chuva.
“Ainda que na última década os índices do desmatamento na Amazônia venham
caindo, continuamos a perder aproximadamente 500 mil hectares de florestas
todos os anos e um dos principais causadores desta destruição ainda é,
infelizmente, a atividade pecuária”, enfatiza.
O esgotamento dos mananciais na região metropolitana
de São Paulo não é causado apenas pela falta de chuvas. Além do rápido
crescimento populacional, a alta taxa de urbanização, que se aplica a todo o
Brasil, polui os rios e dificulta o acesso à água potável. (...). O crescimento
desordenado das cidades agrava a dificuldade de acesso à água em qualidade e em
quantidade satisfatórias. A falta de planejamento, com a verticalização das
construções (prédios), sobrecarrega as estruturas já existentes nas ruas, que
muitas vezes não suportam a quantidade de água que agora passa por ali –
milhões de litros se perdem por vazamento nos canos subterrâneos das cidades.
Segundo um estudo do Instituto Socioambiental (ISA), as capitais brasileiras
perdem, diariamente, quase metade da água captada durante a distribuição.
Sozinha, a cidade do Rio de Janeiro joga fora mais de 1,5 milhão de metros
cúbicos por dia – o equivalente a mais de 600 piscinas olímpicas. A maior parte
desse desperdício deve-se a vazamentos na rede de distribuição, ao crescimento
urbano e à falta de manutenção adequada às novas condições. (...).
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o recorte temático: “Crise hídrica: uso racional da água x cultura do desperdício, no Brasil do século 21”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.