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EM - COMENTÁRIO CRÍTICO - RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

COMENTÁRIO CRÍTICO - EM

COMENTÁRIO CRÍTICO

RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

ID: ED4


Comando: Imagine que você, ao final da leitura do material de apoio abaixo, decida escrever um comentário crítico sobre o tema: "Relacionamentos interpessoais na sociedade contemporânea".

Nesse comentário você deverá:

. registrar uma síntese do assunto;

. posicionar-se e

. contrapor/comparar os relacionamentos contemporâneos aos relacionamentos à época de seus pais ou de seus avós – antes de escrever, converse com eles, colha informações, discuta.

Escreva entre 15 a 20 linhas.


TEXTO I

"Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar". Essa é uma das frases mais famosas do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, falecido em janeiro de 2017 (...), aos 91 anos. As formas de vida contemporânea, Bauman, assemelham-se pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a identidade por muito tempo, o que reforça um estado temporário e frágil das relações sociais e dos laços humanos. Essas mudanças de perspectivas aconteceram em um ritmo intenso e vertiginoso a partir da segunda metade do século XX. Com as tecnologias, o tempo se sobrepõe ao espaço. Podemos nos movimentar sem sair do lugar. O tempo líquido permite o instantâneo e o temporário. (...)

Os telefones celulares não criam a multidão, embora, sem dúvida, ajudem a mantê-la como é – uma multidão. Essa, por sua vez, esperava por Nokias e Ericssons e Motorolas ávidos por servi-la. Se não houvesse multidão, qual seria a utilidade dos celulares?

Aos que se mantêm à parte, os celulares permitem permanecer em contato. Aos que permanecem em contato, os celulares permitem manter-se à parte. (...)

As promessas de compromissos, escreve Adrienne Burgess, “são irrelevantes a longo prazo”. Relacionamentos são investimentos como quaisquer outros, mas será que alguma vez lhe ocorreria fazer juras de lealdade às ações que acabou de adquirir? Jurar ser fiel para sempre, nos bons e maus momentos, na riqueza e na pobreza, "até que a morte nos separe"? Nunca olhar para os lados, onde (quem sabe?) prêmios maiores podem estar acenando? A primeira coisa que os bons acionistas (prestem atenção: os acionistas só detêm as ações, e é possível desfazer-se daquilo que se detém) fazem de manhã é abrir os jornais nas páginas sobre mercado de capitais para saber se é hora de manter suas ações ou desfazer-se delas. É assim também com outro tipo de ações, os relacionamentos. Só que nesse caso não existe um mercado em operação e ninguém fará por você o trabalho de ponderar as probabilidades e avaliar as chances (a menos que você contrate um especialista, da mesma forma que contrata um consultor financeiro ou um contador habilitado, embora no caso dos relacionamentos haja uma infinidade de programas de entrevistas e "dramas da vida real" tentando ocupar esse espaço). E assim você tem que seguir, dia após dia, por conta própria. Se cometer um erro, não terá direito ao conforto de pôr a culpa numa informação equivocada. Precisa estar em alerta constante. Se cochilar ou reduzir a vigilância, problema seu. "Estar num relacionamento" significa muita dor de cabeça, mas, sobretudo, uma incerteza permanente. Você nunca poderá estar plena e verdadeiramente seguro daquilo que faz — ou de ter feito a coisa certa ou no momento preciso.

BAUMAN, Sigmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zalvar, 2004.


TEXTO II

O que as empresas estão sugerindo é que, para haver aumento espontâneo da produtividade do trabalho, é preciso elevar o nível de qualidade nos relacionamentos entre todos que operam a empresa. (...) Participação, partilha, diálogo, cooperação e solidariedade são as palavras-chave que conferem qualidade aos relacionamentos desenvolvidos nas empresas mais avançadas no projeto (Almeida e Leitão, 2003). Mas a fonte geradora dessas características relacionais está no (...) elemento fundamental à viabilização da vida associada: a aceitação do outro como um ser legítimo na convivência.

http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6863/5436


Você já sabe, mas não custa lembrar...

COMENTÁRIO CRÍTICO FORMAL pertence ao discurso jornalístico opinativo. Costuma ser mais rápido e mais econômico que o Artigo de Opinião, e diferencia-se dele porque, em geral, o Comentário parte de um texto-base – o que, a rigor, não acontece com o Artigo. O gênero Comentário pressupõe um diálogo entre dois ou mais textos.

É preciso esclarecer que “criticar” significa fazer considerações positivas e negativas acerca de um fato/evento. Isso se estende ao comentário – uma peça crítica por natureza.


Como fazer um COMENTÁRIO?

Ainda que a estrutura textual de um comentário seja bastante flexível, é preciso que o comentarista, depois de lido atentamente o texto-base, mencione o nome do autor do texto-base e faça uma síntese do assunto.

Por exemplo:

O professor Carlos de Tal afirmou, em entrevista ao Jornal XXX, da quinta-feira (19/2), que a redução da maioridade penal é imprescindível no Brasil do século 21...

Em seguida, o comentarista posiciona-se (tese):

Ocorre que, a meu ver, o colega está equivocado, uma vez que a redução da maioridade penal não é o mecanismo eficiente para a diminuição da criminalidade, conforme apontam estudos...

Logo após, há, efetivamente, o comentário – ou seja, o registro das percepções do comentarista, que pode se valer não só do julgamento dos fatos expostos, mas também das respectivas projeções/consequências.

Os comentários amadores/informais/vagos (gostei; não gostei; concordo; não concordo; legal; bem lembrado etc.) são registros típicos da fala (e não da escrita) e, sozinhos, depreciam o texto. O comentário é, geralmente, escrito na primeira pessoa do singular e é assinado.

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